quarta-feira, 6 de março de 2013

Notas soltas




Os dias correm mais velozes do que os dedos para a escrita. A vida também, tantas são as coisas descobertas nestes últimos tempos, acasos dentro dos acasos numa composição de sangue quente, a abrir caminhos cujo fim desconheço. Tenho tanto para dizer, tenho sempre tanta vontade de escrever. Não é esse, no entanto o meu ofício e por isso o tempo rouba-me para todas as outras coisas, esta fica sempre no fim do caminho. Quando o coração quase rebenta, venho aqui. Se escrevesse mais, talvez este coração não desatasse a dar sinais súbitos de cansaço quando sobe as encostas. Antes de poder transbordar voltarei por aqui para fazer correr os rios.
 
A minha certeza do dia 2 de Março é qualquer coisa estranha, quase apolítica. Vou construindo cada vez mais a certeza de que só as pessoas valem a pena e de que todo o investimento que fazemos fora disso pouco vale.
 
Talvez seja por isso que a memória destes dias é também feita da tua pele na minha, do modo como vamos superando uma a uma cada coisa que nos distancia e jogando a mão a tudo o que nos aproxima e nos consolida para um futuro. Não há futuro certo hoje para ninguém, isso sabemos. Por isso só as pessoas podem ser o nosso terreno seguro, o único campo não minado, o último reduto de um mundo que vemos acabar sem saber bem o que fazer. Tu és o meu futuro e eu sou do teu futuro e assim o seremos na exacta medida em que depositarmos em nós essa crença. Metade da vida que acontece é feita da nossa vontade, a outra metade é a poeira que aparece para ajudar ou atrapalhar.
 
As pessoas, eis tudo o que se tem desperdiçado de mais valioso.
 
~CC~
 
 

4 comentários:

  1. A política é, ou deve ser, AS PESSOAS. Pelo menos é assim que entendo.

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  2. Pois é...mas o país está cheio de autoestradas vazias!
    Abraço
    ~CC~

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  3. Pois!!! ... tenho um querido amigo, um engenheiro muito inspirador, com quem aprendi tanto que dizia: "Se os engenheiros não estiverem atentos à forma como as pessoas usam o que vão construindo, então andam a construir para quem?!?" É Prof. António Dias de Figueiredo.

    E como isto se aplica a tantos outros domínios de atividade ...

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  4. ... e mais beijos que deixo também para ti
    :-)

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