O cabelo cresceu ligeiramente desde o dia 9 de Janeiro, dia em que cessei a quimioterapia. Mas ainda sou uma pessoa careca. No entanto, a libertação da bomba infusora, o regresso de alguma da minha energia, uma imersão temporária no local de trabalho, tudo isso quase me fez esquecer que estou doente, que aguardo a operação, que ainda não é o fim mas o terço do caminho.
Resultado: hoje saí pela primeira vez à rua sem boina ou chapéu, simplesmente esqueci-me.
Não sei se olham mais ou menos para mim como mulher careca ou mulher de chapéu. Talvez o olhar para a mulher careca contenha essencialmente pena, já para a mulher de chapéu, é mais incisivo, julgando talvez a excentricidade ou um eventual traço de classe (pensa que é alguma princesa ou rainha?). Mas na verdade, diria como Caeiro, nada sei do olhar dos outros, é só um olhar e mais nada.
~CC~
Nunca sabemos por que motivos olham para nós. Esses esquecimentos são bons, são talvez sinal de que aprendeu a viver serenamente com a situação e que não se importa com aquilo que os outros pensam.
ResponderEliminarCorajosa! Um abraço
Esse esquecimento do chapéu parece-me uma coisa boa.
ResponderEliminarSobre os olhares, é verdade que sempre que vejo uma mulher sem cabelo imagino que se trata de doença mas não tenho o sentimento de pena, antes de admiração pela força e a coragem que a atitude de se mostrar assim, naturalmente, me revela.
Abraço, CC.
Lembrei-me deste que gosto muito...
ResponderEliminar"Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender "
(Alberto Caeiro)
Deep, sem dúvida foi um esquecimento bom...primeiro senti-me um bocadinho desamparada mas depois passou.
ResponderEliminarLuísa, pois é, vou pensar nessa parte mais positiva.
Laura...ah o Caeiro, tem coisas tão boas...
Abraços três