domingo, 27 de maio de 2018

Casa



O cansaço desfez-se naquela noite de música em que tudo se misturou magicamente, os velhotes do coro alentejano com os miúdos da percussão, a mulher do acordeão que com uma energia contagiante colou todos num abraço, afinal qualquer um deles tinha sido seu vizinho. Acabámos na rua a cantar e estavas a meu lado. A felicidade voltou a espreitar várias vezes no dia seguinte. Gosto tanto quando me acompanhas. A vista do rio é magnífica naquele canto da cidade onde só raramente se pode ir, naquele dia abriram portas e nós lá estivemos, mais uma vez a música.

Casa era o mote do festival de música da cidade de Setúbal este ano.

Casa é o que tenho procurado sempre. Talvez esteja aqui. Talvez esteja nos lugares em que sou feliz. Talvez viva dentro de um beijo. Se calhar não tem tecto, nem paredes.

Prestes a viajar, a primeira vez de avião, depois deste período de doença. Prestes assim a deixar a casa. Com medo, a testar o medo, a lutar contra o medo. Quando estou perto pergunto-me sempre se precisava, é a voz do medo a falar alto, a querer-me quieta. Sei que, contudo, vencê-lo, também me pode deixar feliz.

O bom de ir é aquele desejo de conhecer, a curiosidade, e depois é ainda melhor regressar a casa.

~CC~





3 comentários:

  1. Boa viagem! Aproveite... sem medo! Abraço.

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  2. Para mim casa sempre foi uma pessoa e nunca um sítio físico.
    Já vencer o medo é a única forma que conheço de ser genuinamente feliz.
    Boas viagens!

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