Somos cheios de contradições, detestamos ver as nossas cidades cheias de turistas mas também gostamos de ir, de conhecer outras cidades. Há por certo um equilíbrio em tudo isto mas ainda não sabemos bem qual é.
Eu amo acordar numa cidade desconhecida, sair para a rua directa ao seu centro. Posso ver museus, monumentos e exposições mas é o vibrar das ruas que me apaixona, ouvir as pessoas falar, entrar nos cafés, nos mercados, nas mercearias, passear nos jardins, sentar-me nos bancos das pracetas, entrar nas lojas que não pertencem a cadeias já conhecidas. Andar e andar e andar, até as pernas não poderem mais.
Uma das coisas que mais gosto também é provar do que as pessoas comem e como elas o fazem, do mesmo modo e se possível à mesma hora. Às vezes são as coisas mais simples as que trazemos para sempre.
Deste Verão eu trouxe o pão torrado com fatias de tomate e azeite e sal por cima que me serviram em Córdova num daqueles dias em que parecia que toda a península ibérica se ia rapidamente tornar num deserto. Era uma tasquinha do mais simples que há, na qual paguei 1.80 euros por aquela maravilhosa torrada e um copinho de sumo de laranja bem fresquinho. Agora fazemos em casa, variando o que antes comíamos ao pequeno almoço. Lembro-me que fizemos o mesmo com o cuscuz de Cabo Verde que é um bolo comido ao pequeno almoço. E cada vez que o fazemos, revisito a memória daquele local onde estivemos e é que como se ficasse outra vez feliz.
Por isso não me convidem para locais incaracterísticos que são iguais em todo o mundo, onde se faz sempre o mesmo (vulgo mergulhar numa piscina), se come o mesmo e as pessoas são iguaizinhas umas às outras. Não que ande à procura do que é exótico e também se vende como tal, quero simplesmente diluir-me entre as pessoas que fazem as suas vidas naquele lugar para o poder absorver como é.
~CC~
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