sábado, 4 de julho de 2020

Questões literárias


Ela pergunta muitas vezes pelos livros da nossa vida: os dez, os dez mais importantes!

Não sei se com os anos a minha lista seria e será sempre a mesma, há livros que eu sei que não devem constar de nenhum Top Literário mas tenho com eles uma relação especial (já vos contei anteriormente como me espanto com a lista dos mais vendidos, isso nem conta). Acho que não os devo recomendar por receio de o outro não sentir o mesmo que eu, pois a sua qualidade literária não é o motivo maior da minha escolha, mas o modo como se entrelaçaram de modo singular num momento ou mais da minha vida. Três deles: Maria Tonta como eu; Quem me dera ser onda; Baía dos Tigres. Nenhum deles muito conhecido, nenhum deles considerado obra única.

Há outros que são mesmo grandes obras literárias, praticamente obrigatórias em qualquer estante. Falo, por exemplo, dos Sinais de Fogo, do Jorge de Sena. É uma obra magistral que nunca passará de época.

E o vosso Top 3? Desenhavam-no a partir da monumentalidade e qualidade da obra? Ou do efeito que teve em vós? Ou das duas coisas?

~CC~


13 comentários:

  1. Impossível dizer, ~CC~, nem eu própria sei.
    Top 3? Talvez top 30! E não garanto que não estivesse sempre a lembrar-me de outros e a mudar tudo...
    Poderia talvez falar de escritores cuja leitura foi importante para mim em determinadas alturas da vida, nunca só de livros: é que eu fui uma devoradora de livros desde criança, talvez seja mais fácil para quem leu menos, não sei... eu não consigo.
    E seria o mesmo com os filmes.
    Sorry :(
    🌻

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    1. É difícil, compreendo...
      Mas eu gosto destas listas...e como uma vez me convidaram a falar numa biblioteca do livro da minha vida, tive mesmo que fazer este exercício...
      Bom domingo
      ~CC~

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    2. É difícil porque a minha vida já vai longa e teria que pensar bem, tentar lembrar-me... e queria responder logo, sem influências de outros eventuais comentários :)
      Ah, e gosto imenso dessas listas, de comparar gostos (por vezes mentirinhas, especialmente os políticos que andam sempre a ler/reler os mesmos livros...)
      Não li nenhum dos que refere, pensei comprar o do Pedro Rosa Mendes mas meteram-se outros pelo meio; do Sena li mais contos, dispersos e traduções dos poemas da Dickinson; os dois livros (para crianças, penso) têm títulos que me dizem muito e vou tentar lê-los.
      Li as Marguerites e gostei de ambas, mas nenhuma mudou a minha vida. Depois tive a fase dos russos, dos brasileiros, dos americanos (do Sul e do Norte), dos franceses, dos sobre o Holocausto, dos ingleses e por fim dos portugueses.
      Se a conversa continuar poderei dizer nomes, mas isto já vai longo...
      Abracinho.
      🌻

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  2. Não li nenhum dos três que assinalou e também não tenho top. Limito-me a gostar de alguns autores e a lê-los quando posso. Sinais de fogo é romance que não terminei e nem sei se algum dia concluo.

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    1. A sério Bea...não terminar Sinais de Fogo é para mim uma coisa mesmo estranha, devorei-o:)
      ~CC~

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  3. Querida CC, é extremamente difícil elencar três livros, porque todos os livros que me marcaram contribuíram para a construção permanente do que sou, delineando caminhos e verdades através do diálogo íntimo e subjetivo que só os livros proporcionam. Ler é uma viagem cujo ponto de partida nunca é igual. Por isso, criar um Top 3 de livros é estar simultaneamente a desconsiderar inúmeros outros, igualmente importantes, igualmente decisivos, quer do ponto de vista das ideias e pensamentos quer dos afetos e emoções. Limitar tudo o que li a três livros equivale, para mim, estar a restringir a minha própria vida a três únicos momentos, cortando e riscando incontáveis vivências. Deste modo, só consigo criar um Top 3 compartimentado, associado a fases distintas. Dou o exemplo de três:

    16 – 17 anos: Capitães da areia de Jorge Amado, O meu pé de laranja lima de José Mauro de Vasconcelos, Clarissa de Erico Veríssimo
    18 - 19 anos: O memorial do convento de José Saramago, Memória de elefante de António Lobo Antunes, A sibila de Agustina Bessa-Luís
    20 – 21 anos: O amante de Marguerite Duras, Memórias de Adriano de Marguerite Youcenar, O silêncio do mar de Vercors

    E podia continuar por aí afora este (difícil) exercício de reconstrução até aos dias de hoje, excluindo para poder escolher. Resumindo, houve fases mais marcadas pela origem dos autores, houve outras que denotam o predomínio de certos temas, mas o que verdadeiramente importa é que estes livros - a par de todos os outros que fizeram e fazem a diferença na minha vida - foram viagens das quais eu não regressei igual.

    Um domingo feliz :)

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    1. Querida Miss Smile, partilho consigo muitos desses livros, mas uns mais cedo, outros mais tarde...os da adolescência li-os muito cedo, aos 13-14, já os da idade mais jovem, li-os bem mais madura como Duras e Youcenar, sendo que a primeira tem muito mais a ver comigo, gosto daquela escrita de fogo. Obrigada por aceitar o convite...
      ~CC~

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  4. A sua questão fez-me lembrar de uma história:
    Já tinha reparado nela - linda, alta, esbelta, saltos altos, impecavelmente vestida e... sozinha.
    As pessoas vinham chegando aos poucos, pegavam num copo de cocktail e afastavam-se. A apresentação literária estava marcada para as seis horas, faltavam ainda vinte minutos. Haveria que empatar o tempo. De copo na mão, manobrei o passo para me aproximar. A manga larga da sua blusa roçou no meu braço e pude-me aperceber da luxuosa fragrância, dos cabelos ondulados caindo sobre as espáduas e...dos seus lábios vibrantes. Entreolhamo-nos e num relance atirou-me:
    - Acha que este jovenzinho vai ter sucesso?
    Nem sei que banalidade lhe respondi, o que ainda hoje não esqueci foi o modo como se aproximou do meu ouvido, tocando ao de leve na minha orelha com os seus lábios húmidos do champanhe e me segredou a resposta à minha pergunta sobre qual o livro da sua vida:
    «Uma coisa que não consigo fazer é indicar quais os meus livros essenciais ou que me marcaram, pois foram tantos e outros estão certamente para vir, que não sou capaz de fazer esse apanhado. Admiro-me até que haja quem o consegue fazer com tanto apuro!
    Julgo que só mesmo no fim da minha vida, poderia tentar esse exercício.
    Pela mesma razão quando me perguntam que livro levaria para uma ilha deserta, só posso responder que seria um que ainda não tivesse lido!».
    Enquanto me dizia isto, o meu corpo que ia ficando lânguido, era inundado por feixes de quebranto e arrepios; fechei os olhos, sonhei, inspirei o seu perfume, adormeci, fascinado por tudo naquele momento eterno em que as nossas cabeças se juntaram.
    De seguida perguntou-me que livro andava a ler, e eu encostando à vez a minha cabeça à sua, aproximei a minha boca do seu ouvido e, amaldiçoando o Cunningham por ter escolhido um título tão breve, respondi:
    «As horas».

    PS - Para não ser desmancha prazeres, vou-lhe dizer a última leitura e releitura que fiz com muito gosto: As travessuras da menina má e O fio da navalha.

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  5. Joaquim, essa sua cabeça está cheia de estereótipos sobre as mulheres: os saltos altos, o champanhe, o perfume...será que algum dia os homens deixarão de idealizar as mulheres dessa forma ou isso irá repetir-se através dos tempos? Serão todos assim ou será que já há homens que nos idealizam descalças, com perfume natural e sabor a água fresca? Já sabe, por aqui há sempre "travessuras" de ~CC~, que se não é uma menina má, é sempre um bocadinho provocadora:)
    ~CC~

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  6. Tenho um problema com a leitura, CC. Esqueço-me muito facilmente do que leio. Tenho ideia de ter gostado muito deste ou daquele livro, mas nem sempre recordo a história. E já me sucedeu lembrar-me de ter gostado muito de uma determinada obra e ao relê-la não voltar a achar tão interessante assim. Para mim é muito difícil estabelecer uma lista de livros preferidos. Até mesmo só lembrar-me dos que li, é difícil. Tenho memória de galinha. :)
    Não li nenhum dos que refere no post, li, com grande prazer, alguns dos que a Miss Smile indica: O meu pé de laranja lima e o Memorial do Convento). Posso talvez referir "Cem Anos de Solidão do Gabriel García Marquez; "A insustentável leveza do ser" de Milan Kundera; "A casa dos espíritos" da Isabel Allende, A cidade e as serras do Eça,... E contos, gosto muito de contos. Os contos exemplares da Sophia, Os contos vagabundos do Mário de carvalho... Não dá. :)

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    1. Luísa, obrigada pelo esforço de o fazer, compreendo bem que é difícil e que os critérios podem mudar ao longo da nossa vida...Cem anos de Solidão foi sem dúvida marcante na minha formação pois abriu um mundo que não conhecia e do qual permaneço até hoje curiosa: a América Latina.
      Uma boa semana para si.
      ~CC~

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  7. São tantos! Três que me marcaram: Aparição, de Vergílio Ferreira, Memorial do Convento, de José Saramago, O Fio da Navalha, de Somerset Maugham, lidos em idades diferentes.

    Abraço

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