No lar elas sorriem, mesmo com as bocas praticamente sem dentes. São sempre mais mulheres e elas participam mais em tudo. Uma ida a um lar e temos o Portugal pré 25 de Abril à nossa frente, é dor absoluta. Mesmo assim, passados tantos anos, só agora se anuncia a entrada dos dentistas no serviço nacional de saúde.
Vive-se mais e mais ao abandono, muito perto da miséria.
Ontem no café-restaurante, a senhora atravessou o período de almoços com o seu galão e torrada que já devia ter consumido há muitas horas atrás, é à hora do almoço que chega mais gente com quem conversar e um pouco dessa atenção era o outro alimento do qual necessitava para mais um dia de vida. Estava indignada com os escândalos de abusos na casa do gaiato, instituição para a qual tinha contribuído anos a fio. Tanto como a minha mãe com o financiamento do Estado aos colégios privados que peca por ter durado tempo demais. São velhas mas estão lúcidas e sabem conversar. E estão demasiado sós.
~CC~