quarta-feira, 25 de abril de 2018

Fui por aí a sentir a cidade


I

Tomás!!!!
Tiago!!!

Abraço apertado embora ontem se tivessem encontrado na escola.

Mas hoje é o parque e um encontro inesperado. A brincadeira começa de imediato.

II

Amanhã trazemos pão como aquele menino e damos aos pombos e aos patos.

São tantos os avôs com os netos pelas mãos, são eles que saem mais cedo de casa, madrugando como as crianças, enquanto os pais dormem mais um bocadinho. É tão bom quando é assim, quando os avós estão por perto e são assim.

III

Caminham à minha frente em silêncio, mas vão de mãos dadas. Dar as mãos na casa dos oitenta, sair assim a ver o dia azul, devagarinho. Tão pequenino, tão bom.

IV


Aqui voltarei mais tarde, para vos dizer.

~CC~





terça-feira, 24 de abril de 2018

Coisas pequenas (2)



Poder acordar hoje a minha filha de 22 anos, fazer-lhe umas cócegas.

~CC~

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Até o coração bateu mais forte



Ontem, numa apresentação sobre livros e leitura, o autor de um blogue de referência na área, explicitou que os seus leitores brasileiros eram quase o triplo dos portugueses. Nunca vou ver estas coisas. Mas ele despertou a minha curiosidade de espreitar como é que a dúzia dos meus possíveis leitores se espalhava pelo mundo. 

Abri e fechei a boca de espanto. Os leitores italianos são praticamente o dobro dos portugueses. Italianos?! Sim, é verdade que é a minha língua preferida, a única para além da materna que algum dia me apeteceu aprender. Será que o blogger sabe isto e anda a brincar comigo? Ou haverá mesmo italianos a ler-me? Até o coração bateu mais forte.

~CC~

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Coisas pequenas


Se eu fosse a Eva também descia do paraíso. Por tantas razões.

Para comer uma anona, por exemplo, há lá fruto feio mais saboroso.

~CC~


sexta-feira, 13 de abril de 2018

Viajar com as palavras



Tenho corrido de um lado para o outro, procurando passar entre a chuva. Na intensidade de um ritmo vertiginoso tenho olhado para ela com a ambiguidade de sentimentos do costume- por um lado nunca o Alentejo esteve tão verde e bonito, por outro manobrar guarda chuvas com esta intensidade e este vento é coisa de artista. Ontem apanhou-me em cheio o vento e destruiu em 2 minutos o que não sei quanto tempo algures na china se levou a construir. Só insisto em comprar guarda chuvas de cinco euros porque os perco amiúde, mas fiquei a pensar nessa opção de vida e onde se compram dos bons. Foi assim que me vi a moderar uma mesa redonda com as calças encharcadas e os pés desconfortavelmente frios. Depois o orador começou a falar da maravilha que era descer os rios pouco a pouco, metade do tempo sempre dentro de água e apanhando de quando em quando uma cascata. De como o mundo todo lá fora, embora a actividade fosse no exterior, se tornava comezinho e insignificante perante o fruir do belo na natureza. E como era um estudo, fartou-se de referir as motivações das pessoas, uma das mais importantes o sentimento de afiliação, ou seja de pertença a um grupo. Um grupo de meios loucos portanto, mas ao qual me deu uma vontade de aderir...

(Dois dias antes, noutro congresso, a propósito de um documentário sobre as levadas na Madeira, também me apeteceu ter a profissão da mulher que o tinha realizado. Ou seja, teria que ter várias vidas. Como só tenho esta, bebo-lhes as palavras e fecho os olhos.)

~CC~

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Riso geral



Dois lares numa semana. Bastante diferentes, bastante semelhantes. A dor tem sempre o mesmo rosto. Já a alegria, a que resta quando a vida os leva a um lar, tem nuances.  

Cá fora a alegria é diferente e estive mesmo agora a vê-la aqui no café, na mesa mais 75 que estava à minha frente, quatro, bem aperaltadas. Diz uma delas: foi no sábado de aleluia... E a outra: Ah, naquele dia em que aquele moço giro sobe ao céu! Riso geral.


~CC~

terça-feira, 3 de abril de 2018

Gostar



Chamo-lhe os meses do meio e são os meus favoritos. Abril, Maio e Junho. Provavelmente não são o meio de nada. São também aqueles em que trabalho mais e não antevejo sequer um prolongamento do fim de semana, assisto a esses planos dos outros com a pontinha de inveja que se intromete num ser humano vulgar.

Mas hei-de respirar melhor cada fim de tarde, cada minuto a prolongar mais o dia, cada folha nova que as amendoeiras do pátio da escola tiverem. Hei-de conseguir espreitar o mar antes que as praias sejam de todo tomadas por gente e mais gente. Os morangos da nossa terra estão a chegar e quando vierem as cerejas, quando elas vierem...comerei meia dúzia e depois farei uma pequena paragem antes da meia dúzia seguinte. 

O exercício de gostar, mesmo que de coisas pequeninas, tem sido sempre a minha salvação, seja ela a tristeza, a dor, a doença. Gostar é um super alimento.

~CC~