Um novo amor, disse a mulher na beirinha dos cinquenta, a possibilidade de
viver mais uma vez o amor.
Estudar o que sempre quis e não pude, disse a mulher que tinha passado poucos anos dos trinta.
Sair deste emprego, encontrar uma coisa que me faça sentido, disse o homem dos quarenta e picos.
Conseguir engravidar e gerar um filho até ao fim, disse a mulher quase nos quarenta.
Não quero nada, a sabedoria está em não querer, disse o homem que já tinha passado dos sessenta.
Tantos potes de ouro, a cada um o seu.
Pensar no meu pote de ouro era fácil, eu só queria vida, mais vida, mais anos de vida. Pensava nisso com certeza e sofreguidão.
Mas depois chegaram receios pelas vidas de outros e pensei melhor. A verdade é que por uma seguramente, duas provavelmente, talvez mesmo três pessoas até daria a minha vida pela delas. Não é um altruísmo tonto, pelo contrário, é até egoísta. Simplesmente a minha vida não faria sentido sem as delas. E assim se aprende a relatividade do que desejamos.
~CC~