Chegou ao fim o Clube de Leitura que dinamizei este ano com estudantes e que resultou de uma candidatura ao Plano Nacional de Leitura. Foi uma experiência tão maravilhosa quanto dura. Dura quando as sessões ficavam quase vazias, maravilhosa sempre que as pessoas apareciam. De resto o conteúdo ou a dinâmica não são o mais relevante, apenas termos gente. Veio uma jornalista ouvir-nos e foi muito bonito, talvez das coisas mais bonitas. Nesse dia lemos um livro infantil baseado na história de vida da Marielle, a ativista brasileira assassinada no Rio de Janeiro. E foi a um sábado à tarde, alguma gente, não tanta quanto desejável, e apesar da minha filosofia ser sempre a de que contam os que estão, às vezes são mesmo poucos.
Duvido das estatísticas que ora apontam euforia ou depressão quando relacionadas com livros. Cresce o império dos livros triviais, sem grande brilho, ainda assim se há quem leia por causa disso, é deixar existir. A maior parte lê apenas nas redes sociais, pequenas noticias, muitas coisas motivacionais ou de gente famosa ou de infuencers (até me custa usar esta palavra).
Com tudo isto eu própria cheguei à conclusão que não leio o suficiente, poderia com facilidade escudar-me no excesso de trabalho e estaria a dizer a verdade. Mas não seria a única verdade, poderia não ligar a televisão uma ou duas noites por semana, poderia gastar uma hora por dia a ler numa esplanada. Os clubes de leitura, com tudo o que bom e de mau têm, obrigam-nos a ler um livro por mês (o meu não era assim, seria impossível dinamizar um clube desse tipo no ensino superior, com estudantes). Já comprei o deste mês, surpreendentemente numa semana li um terço, o que me mostrou que é possível.
Não sei se há desse lado experiências com Clubes de Leitura, mas gostava de saber.
~CC~
Nota: Ainda a propósito de pessoas agredidas pela suas ideias e pela sua arte, Adérito Lopes é actor mas é também um maravilhoso professor de teatro, daqueles que recupera miúdos que há muito parecem descrer da escola e do seu potencial. Um murro nele é um murro na humanidade.
A minha experiência em clubes de leitura
ResponderEliminarParticipei num clube do livro num partido politico, tinha muito potencial. Tínhamos um mês para ler um livro e depois discuti-lo. Para mim (ainda li três livros por conta deste clube) era uma experiência fantástica, a partilha de opinião sobre um livro que li. Dava a sensação de leitura coletiva. As diferentes maneiras de interpretar a leitura e a honestidade na sua franca exposição era muito saudável, a meu ver, claro.
Acabou do nada... ainda hoje me pergunto qual a razão da desmotivação, visto que estava perante um grupo dito 'intelectual de esquerda'.
(quanto ao Adérito Lopes subscrevo cada letra do seu texto CC)
Sem dúvida que parecia uma boa iniciativa...enfim, coisas boas que acabam deixam sempre tristeza.
EliminarNão conheço Adérito Lopes, mas sou contra a injustiça e, do que fui ler a propósito, é um membro muito válido da sociedade. Ainda que o não fosse a agressão, neste caso específica e dirigida, é sempre condenável. Aos poucos, Portugal está a tornar-se um coquetel de mau viver; pensávamos nós que o tempo de amputação de ideias e actos era passado.
ResponderEliminarSempre alerta, nada está conquistado.
EliminarOra bolas, até esqueci o clube de leitura. Frequentei há anos qualquer coisa de semelhante. Gostei apenas pela partilha de ideias, saber de interpretações diversas das minhas. Ainda assim não me incentivou a deslocação. É uma confraternização entre quem gosta de ler à volta de uma obra.
ResponderEliminarNo início do ano pensei fundar um com os seniores, mas julgo que eu mesma não estou assim tão interessada.
Bom sábado, CC
Eu também sou às vezes avessa aos coletivos mas por outro lado sinto a necessidade deles, é um equilíbrio que procuro.
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