Fui ver as tuas praias do Tejo. Aquelas em que tomavas banho no intervalo do almoço com um bando de miúdos, à pressa, antes que as mães ralhassem ou a régua da professora se materializasse nas tuas mãos.
As praias de rio não atravessaram a minha infância, nem os rios.
A primeira vez que entrei num rio a sensação de estranheza e desconforto foi grande, não via o fundo e os pés batiam num chão meio mole, onde se enterravam ligeiramente. Não podia acreditar que tomavam banho entre gafanhotos, embora lhe chamassem alfaiates e assegurassem que eram inofensivos.
Aprendi a gostar dos açudes, da água fria e escura, das folhinhas caídas na água, a ignorar os bichos, a perder o medo. Não havia opção, animar as férias dos miúdos incluía levar um grupo de dez ao rio, foi um dos meus trabalhos de juventude. Foi só aí que percebi o que era uma aldeia, um baile de bombeiros, um parque de merendas, o valor de um largo de igreja e de uma capela de milagres.
Mas ainda me lembro já adulta de me espantar com os piqueniques, a algazarra, a imensidão das famílias, a panóplia dos brinquedos, o volume da música. Era um Portugal rural que (ainda) desconhecia.
Mas as praias de rio nunca serão verdadeiramente as minhas praias. Preciso de sentir o sal na pele. Mas vou cada vez menos e este ano esta ameaça das praias hipervigiadas, guardadas, com sinais e bandeiras está a afastar-me ainda mais. Não gosto de barreiras, de prisões, de vigilância, de ordens. É um nó no peito que cresce, ando a ver se não me sufoca. Preciso de ter asas.
~CC~
Também sempre preferi as águas em movimento às águas paradas, talvez por ter sido assim habituada desde criança. Águas paradas e escuras 'jamé', gosto de ver o que (se) passa à minha volta.
ResponderEliminarAgora há praias fluviais muito bonitas, mas ainda assim prefiro o oceano, sem dúvida.
🐳
Eu adoro água, na falta do mar, um rio, uma lagoa, uma cascata...mas aquele poder de me lavar a alma só mesmo o oceano.
EliminarAbracinho
~CC~
Falta magia às praias de rio. A magia que sentimos na água salgada.
ResponderEliminarO mar, esse desconhecido, dá-nos paz, tranquilidade.
Boa semana!
Boa semana António...e com um bocadinho de magia!
Eliminar~CC~
Vamo-nos adaptando mal a tanta regra a cercear-nos a liberdade e que nos tira vontade de tudo. Mas pode que passe e daqui a uns anos seja apenas uma lembrança.
ResponderEliminarHoje coloquei as moedas num dispositivo electrónico num café, o meu receio é que daqui a uns anos seja um robot a atender-me.
Eliminar~CC~
Apesar de viver no interior, tomar banho em ribeiras, charcos ou praias fluviais continua a fazer-me confusão. Continuo, também, a precisar de um banho de mar. Infelizmente, nos últimos anos, não tem sido possível.
ResponderEliminarBoa semana, CC.
Tem que vir...se vier, diga.
ResponderEliminar~CC~