De vez em quando aventuro-me. Na água pouco, pelo que é de outros mergulhos que vos falo.
Decidi frequentar um lugar em que o tema central são fermentados, kombuchas, bebidas vegetais feitas em casa e coisas afins. Não enlouqueci, apenas quis saber como podia cozinhar os muitos vegetais que comecei a receber semanalmente numa bonita caixa de cartão de uma courela próxima. Não imaginava que estava a entrar num culto, com todas as regras que os mesmos implicam. As duas primeiras aulas foram puro proselitismo, ia desistindo por ser incapaz de mexer a comida muito, muito lentamente, deixando nela amor, não acreditar que os produtos lácteos conduzem as mulheres à inveja umas das outras ou considerar que comer ananás é pecado por vir do outro extremo do mundo (curiosamente os cajus são permitidos, vá lá perceber-se). Felizmente depois das duas primeiras aulas vieram as receitas e algumas parecem-me bem interessantes. Mas chegou também o grupo de whatsapp cheio de bons dias repletos de corações, as fotografias de qualquer produção doméstica, as muitas fotos das sessões. Mas não era suposto sermos diferentes ou alternativos?!
Bom, descobri que aqui a alternativa não significa fazer ondas, despejar baldes de tinta por aí ou enrouquecer em manifestações avenida abaixo, aqui é só ficar quieto, pensar em paz e amor e sobretudo não tocar em carne.
Decididamente mergulhei fora de pé mas não me vou afogar, assim espero.
~CC~