nesta rua da minha infância aprendi a voar, nunca vou deixar que me cortem as asas
terça-feira, 28 de julho de 2020
Como eles...
Era um bando tão grande de pássaros brancos a voar para cá e para lá, não seguiam a direito rumo a algum lugar, quando pareciam ir, volteavam e tomavam outra direcção.
CC, não gosto de a ver assim... não desista. Nunca. Dê as voltas que der. Senão, faz-me lembrar Vergílio Ferreira quando diz "A gente chega ao fim, que é quando já não tem embalagem para haver mais futuro, e então senta-se. Estou sentado. Olho à volta, da frente para trás, que já não há mais frente para olhar."
E se eu também olhar à sua volta, da frente para trás, vejo coisas tão lindas, pérolas que guardo no meu (seu) baú de tesouros... contudo, também esse forte apelo. Mas não desista. Ainda se lembra?
Desistir Ela disse-me como tinha desistido. Desistido de o amar, de o querer. Contou-me como o amor começa com um mistério. O mistério do outro ser só quem se olha nas quatro paredes de uma sala. Alguém que se olha muitos e muitos dias nas quatro paredes de uma sala. E depois o olhar já dói, a boca abre meio sorriso, e chegam as primeiras palavras. Ela contou-me que achava que ele era um cigano assimilado. Abri a boca de espanto perante tal ideia. Contou-me que começou a amá-lo porque ele era um cigano e não dizia que o era. Perguntei-lhe pelos sinais de tal pertença étnica. E ela respondeu que era o amor que ele devotava aos cavalos. E também havia os olhos muito pretos e o tom moreno da pele. Ela apaixonou-se por ele a julgar que ele, além de um brilhante geógrafo, era cigano. Um cigano a esconder a sua pertença étnica, ou com as raízes cortadas. O mestrado tornou-se secundário. Os outros deixaram de existir na sala em que eles se olhavam. (...) ~CC~
Joaquim, agora até me emocionou, com as palavras amigas e com a memória da pequena história que de todo já não lembrava... Mas estou bem, gosto de me interrogar e de interrogar as coisas à minha volta, às vezes gostava de ter mais vidas para fazer outras coisas ou de ainda conseguir mudar nesta algumas coisas, é só isso. Abraço ~CC~
Também gostava de voar entre eles. Só que nem elez me querem entre eles nem eu os consigo ter junto a mim.
ResponderEliminar.
Um dia feliz
Abraço
Vá lá Ricardo, é uma metáfora:)
EliminarObrigada por vir.
~CC~
Lembrei-me do Yeats...
ResponderEliminarEspero que goste dele :)
🕊️
Mima-me demais Maria, obrigada!
Eliminar~CC~
bem que eu gostaria de andar assim a ziguezaguear no azul, mas parece-me, como ao Ricardo, uma impossibilidade mútua.
ResponderEliminarClaro que pode, provavelmente até o faz...
EliminarA questão é se volteiam por prazer ou por falta de rumo, de saber para onde ir.
~CC~
CC, não gosto de a ver assim... não desista. Nunca. Dê as voltas que der. Senão, faz-me lembrar Vergílio Ferreira quando diz "A gente chega ao fim, que é quando já não tem embalagem para haver mais futuro, e então senta-se. Estou sentado. Olho à volta, da frente para trás, que já não há mais frente para olhar."
ResponderEliminarE se eu também olhar à sua volta, da frente para trás, vejo coisas tão lindas, pérolas que guardo no meu (seu) baú de tesouros... contudo, também esse forte apelo. Mas não desista.
Ainda se lembra?
Desistir
Ela disse-me como tinha desistido. Desistido de o amar, de o querer. Contou-me como o amor começa com um mistério. O mistério do outro ser só quem se olha nas quatro paredes de uma sala. Alguém que se olha muitos e muitos dias nas quatro paredes de uma sala. E depois o olhar já dói, a boca abre meio sorriso, e chegam as primeiras palavras. Ela contou-me que achava que ele era um cigano assimilado. Abri a boca de espanto perante tal ideia. Contou-me que começou a amá-lo porque ele era um cigano e não dizia que o era. Perguntei-lhe pelos sinais de tal pertença étnica. E ela respondeu que era o amor que ele devotava aos cavalos. E também havia os olhos muito pretos e o tom moreno da pele. Ela apaixonou-se por ele a julgar que ele, além de um brilhante geógrafo, era cigano. Um cigano a esconder a sua pertença étnica, ou com as raízes cortadas. O mestrado tornou-se secundário. Os outros deixaram de existir na sala em que eles se olhavam.
(...)
~CC~
Joaquim, agora até me emocionou, com as palavras amigas e com a memória da pequena história que de todo já não lembrava...
ResponderEliminarMas estou bem, gosto de me interrogar e de interrogar as coisas à minha volta, às vezes gostava de ter mais vidas para fazer outras coisas ou de ainda conseguir mudar nesta algumas coisas, é só isso.
Abraço
~CC~