A magnólia já não tinha flores. Já não há rosas de campo, as rosas albardeiras, apenas as de jardim, uma delas de um vermelho escuro, a minha cor preferida para rosas. Fui rever os caminhos molhados de onde voltava com os ténis cheios de terra, no tempo do grande silêncio, em que quase só se ouvia o latir dos cães. Agora estão secos, há mais ruído, um pouco mais de gente. Ouvi dizer que os turistas tinham aos poucos regressado.
As duas árvores de fruto do quintal estão cheias, as ameixas já as colhemos, as maçãs precisam de mais tempo. Deixei umas sementes na terra e algumas cresceram, uma abóbora, dois pés de milho e umas plantas que não sabemos reconhecer. Agora deixei lá um abacate, às vezes, com sorte, nascem. Já não fugimos da chuva, agora, há grelhados no carvão no quintal. Tentamos, sem êxito, dominar as moscas que chegam atraídas pelo cheiro.
Quando nos emprestam uma aldeia e lá vivemos um mês, quando isso acontece em tempos difíceis, quando é lá que aprendemos a fazer bem pão e ainda temos a marca da queimadura que aconteceu nessa interacção com o forno intensamente quente, quando aprendemos como é amarela a gema do ovo comprada na pequena mercearia e são bons os seus biscoitos com sabor a limão, mas, e sobretudo, quando quem nos acolhe tem sempre tempo para nós, há que voltar, mesmo que para visitas mais breves. Há coisas que agradeceremos sempre, uma e outra vez, por se repetirem do mesmo modo.
~CC~
Adoro magnólias :) aqui costumam florescer em fins de Fevereiro, por altura dos anos da minha mãe. Costumávamos ir vê-las e fotografá-las perto do Fórum (único sítio onde as vi) mas já há dois anos que não o fazemos.
ResponderEliminarRosas albardeiras só conheço as pintadas pela Luísa Ferreira Nunes (conhece-a?).
Moscas: um problema!
Depois de dois dias de 40 graus à sombra, levantei-me antes das 06h para abrir as janelas todas. Pouco depois elas começam a entrar e há que escolher: forno ou moscas?
Bem, vou fechar as janelas...
Hello again 😂
ResponderEliminarO sono é tanto que carreguei no publicar sem querer :(
Mas já não volto para a cama, são horas do breakfast room service da minha mãe :)
Dia feliz. ~CC~.
🌻
Maria, sei que viver no campo não é idílico, só quem não vive lá pensa assim. Mas as cidades parecem agora tão mais ameaçadoras...
EliminarFeche as janelas e sobretudo essa invenção portuguesa à qual eu não dava o devido valor: persianas:)
~CC~
Se a casa fosse de granito ou xisto, seria fresca no calor e quente no frio.
EliminarSe a aldeia não fosse numa cova, se fosse, por exemplo, Monsanto ou Penha Garcia, teria um ventinho fresco durante a noite...
Por isso me levanto sempre antes do sol nascer para tentar fazer correntes de ar; depois fecho persianas e janelas a nascente, a sul e finalmente a oeste à medida que o sol vai rodando...
Tenho um truque: ponho para-sóis dos carros entre as persianas e os vidros das janelas, que assim se mantêm frescos.
Por isso desde que aqui estou prefiro mil vezes o frio.
Lembra-se do Paulo Abreu e Lima? Uma vez ele escreveu mais ou menos isto: com o frio podemos vestir mais uma camisola, um gorro, uma manta; com o calor não podemos arrancar a pele!!! (cito de cor, mas é mesmo isto).
E as melgas, ah as melgas 🦟🦟🦟
nunca pensei despertar tanto interesse nestas coisinhas voadoras :(
Dias bons ~CC~!
🐬
As ameixas têm um aspecto delicioso. Nas aldeias, onde as casas têm um quintalinho, aprende-se muita coisa. Uma dela é fazer grelhados ao ar livre. Adoro as casinhas da aldeia pois foi numa aldeia que nasci...
ResponderEliminar.
Fique bem
Saudação poética
Eu não nasci lá mas sei apreciar:)
EliminarFique bem também.
~CC~
Ora mais um exemplo de definição de felicidade... para quem visita e para o visitado.
ResponderEliminarQue bom
Beijos
Temos que a encontrar nas coisas mais simples, é isso.
Eliminar~CC~
e a paz que daí vem :)
ResponderEliminarComo sempre Ana, escolhe a palavra certa.
Eliminar~CC~
Quem viveu o período de confinamento fora do habitat, e assim desse modo, entre amigos e com espaço de e para descoberta, teve sorte. Porque a adaptação à novidade lhe deu algum trabalho sem horário e que foi agradável. Novas tarefas, novas pessoas, outro modo de vida a ocupar corpo e espírito. Houve até um certo Jacinto que chegou a Tormes para uma visita relâmpago e ficou a vida toda:). Quem sabe a CC compra ainda por aí uma casinha e quando lhe apeteça vem fazer pão para a aldeia:).
ResponderEliminarMemórias descritas com muita ternura, diria eu.
Bea, demasiado longe do meu trabalho que um dia voltará certamente ao presencial. Mas sim, voltarei quando possível, para o tal banho de paz.
EliminarUm resto de boa semana
~CC~
as mãos devem ser todas muito parecidas, essas até parecem as minhas:)
ResponderEliminarAh, ah...as minhas não são! Estava a tirar a foto...
Eliminar~CC~
Tão bom, fiquei com vontade de conhecer vagarosamente.
ResponderEliminarMenina, acho que ia gostar daquela aldeia. Mas se calhar não por demasiado tempo...
ResponderEliminar~CC~