Digo de mim para mim que não precisava de ter comprado a biografia da Sophia de Mello Breyner. Mas ela disse mesmo da Natália Correia que não passava de uma cortesã? Disse mesmo da Agustina que ela tinha muitas flutuações de escrita e não era sempre brilhante? Disse mesmo que o Miguel Torga devia ter pensado em escrever-lhe um poema num tempo em que ainda escrevia bem? (ai, o que me ri com esta última).
Mas o que é que eu faço ao pedestal em que a colocava?
Digo de mim para mim que as biografias dos autores que amamos não servem para nada, que os livros deles deviam bastar-nos e que a curiosidade só mata a grande admiração que por eles temos.
E depois, como é costume, volto a dizer-me outras coisas.
Para que servem afinal os pedestais? Os heróis? A admiração? Não é muito mais bela a Sophia assim, humana, falível, às vezes até tonta ?
Vou ler mais um bocadinho da Biografia.
~CC~
Eu gostei muito de ler essa Biografia, embora a família não a tenha aprovado.
ResponderEliminarOu será que já saíu outra e eu ainda não dei por isso?
Quem é a autora?
Isabel Nery, só leio página e meia ao pequeno almoço, por isso vai devagar...à noite estou demasiado cansada para ler e os dias...ai os dias!
Eliminar~CC~
Foi essa que eu li e gostei bastante, mas foi logo quando saíu, não recordo os pormenores. Que ela e a Natália faziam faísca, todo o mundo sabia: dois grandes egos e duas grandes mulheres :-)
EliminarPenso que ela e a Agustina eram amigas, viajaram juntas para a Grécia com o Eugénio de Andrade, o que não quer dizer que uma e outra não dissessem o que tinham a dizer uma da outra 😂
Aliás, a Agustina também era famosa por não deixar nada por dizer...
E o Torga, como quase todos os homens daquela época deve ter perdoado tudo à Sophia, que além de talentosa era belíssima.
A Natália também era uma bela mulher e a rivalidade entre elas era enorme.
Eu gostei muito de reviver aqueles dias antes e depois do 25 de Abril, as biografias também são boas por isso: fazem o retrato de uma época.
Boas leituras!
(mesmo a passo de 🐌)
🎄
Nunca fui muito à missa de Sophia, a bem dizer :)
ResponderEliminarAh, ah...pois é, não sei como misturava o catolicismo com os deuses gregos, mas enfim, tudo é possível e das fusões nascem coisas lindas...
Eliminar~CC~
Este caso não é propriamente invulgar. Causa-nos alguma decepção, que um autor que apreciamos, nos possa desiludir, especialmente com gracejos acerca de outros autores que igualmente admiramos.
ResponderEliminarMas também há episódios engraçados, não sei se motivados por inveja, antipatias pessoais ou outra coisa qualquer, que são autênticas picardias que nos divertem.
Foi o caso de Vergílio Ferreira a diminuir António Lobo Antunes em 1985. Na sua diarística, Conta-Corrente, volume 5, o autor de Aparição escreve na entrada do dia 25 de novembro: "Há para aí agora um escritor novo que faz um cagaçal medonho com a sua obra. Chama-se Lobo Antunes e diz ele que não lhe interessa a literatura europeia e que formou o gosto na americana. Perguntam-me se aprecio o novo génio. E eu disse: não gosto de Coca-Cola. Prefiro vinho tinto."
Agora veja esta CC, que saiu num artigo de jornal, aquando do centenário do nascimento de Vergílio Ferreira, que tive o cuidado de guardar:
«Nos anos 80, António Lobo Antunes, jovem escritor à procura do seu espaço no meio literário que considerava anacrónico, apelidava Vergílio Ferreira de o “Sartre de Fontanelas”. No entanto, nunca Vergílio Ferreira beneficiou tanto do sistema literário português, dos seus meandros de amiguismos, cunhas, holofotes, viagens, festivais, quanto Lobo Antunes, a quem ele chamava o “bobo” Antunes. Curiosamente, as últimas aparições mediáticas antuninas, as suas boutades adolescentes como a de se considerar "a melhor cama de Lisboa", ou o novo Faulkner de Benfica, apenas vêm dar razão a Vergílio Ferreira.»
Os apaixonados de Vergílio Ferreira (como eu) e de Lobo Antunes, só podem sorrir...
Que maravilha Joaquim, as coisas que uma pessoa fica a saber...eu, como não sou apaixonada nem de um, nem do outro, ainda mais graça acho:)
Eliminar~CC~
Julgo eu que todos somos pessoas e que aquilo que me confrange um bocadinho nas biografias é a falta de isenção com que são escritas. Uma das razões que me fazem gostar de Pacheco Pereira é exactamente a arte que teve na escrita da biografia de Cunhal. Não é fácil escrever sem a paixão que impele para benefício do autor. julgo que existam biografias em que o biógrafo põe demasiado de si mesmo e das suas ilacções no texto sobre o biografado e a ficção cria quase uma nova pessoa, molda-a. Por outro lado, é verdade que o que mais interessa num autor é o que escreve, conhecer a pessoa por detrás da escrita pode ser decepcionante se pensarmos que têm de se equivaler. E não têm. Um escritor genial é muitas vezes uma pessoa difícil, ou, pelo menos, que torna difícil o convívio a quem tem de privar com ele. Há muitos exemplos disso mesmo.
ResponderEliminarMas, se é o todo que nos interessa, dispamo-nos de preconceitos e não nos fiquemos apenas por um lado. Avante com a biografia de Sophia, CC.
E Bom Dia:)
Não escrevemos então o que somos?
Eliminar(é só para a provocar Bea, não ligue...)
Avante mas devagar, devagarinho...não posso fazer a revolução assim de um dia para o outro, nem ler a biografia da Sophia de um trago:)
Noite chuvosa esta Bea, até me apetecia ter um gato.
~CC~
:) O meu hoje convenceu-me e arrumei o tricot para lhe dar colo. Regalou-se a dormir.
Eliminar:-))))
EliminarValeu a pena ele queixar-se lá no blog que o colinho lhe sabia a pouco: ontem foi um regalo.
Gostei de saber. :-)
Bom fds!
🐈