É verdade, nunca fomos tão poucos a juntar-nos para o Natal, não há memória de outro assim, mesmo num em que cruzámos fronteiras e fomos realizá-lo no país vizinho. Creio que a perturbação não resulta, contudo, apenas disso, mas sim da consciência de que a família alargada se junta cada vez menos e que as bolhas não são apenas bolhas pandémicas, elas já se vinham formando como resultado das nossas múltiplas dispersões territoriais, inserções laborais, afazeres múltiplos e, isto talvez mais inédito, dificuldade em compatibilizar pessoas tão diferentes. Eu própria, desde sempre uma tecedeira das nossas raízes, crente na minha capacidade de encontrar encanto em cada um, certa de que a diferença é a que traz cor às nossas vidas, acuso algum cansaço. Esta erosão, pergunto-me, é já um resultado viral, ou algo ainda mais profundo que se vai cavando na nossa sociedade, como se no limite nos tornássemos ilhas, ilhas cada vez mais pequenas, mais estreitas, de ancoradouro único, no qual apenas poucos barcos aportam.
Afinal, oxalá tudo seja apenas resultado do vírus, se não for este o mal, o outro é ainda pior.
~CC~
Deus a oiça, CC. Estou com as mesmas dúvidas.
ResponderEliminara peneira é cada vez mais fina...
ResponderEliminarEspero que o Natal seja feliz, apesar de tudo. Obrigada pela partilha :)
Abraço forte, forte.
A ~CC~ é um força da natureza, sempre tão optimista, não vai permitir que um miserável vírus a derrube, pois não?
ResponderEliminarPorque Você é Linda!
(e não sou apenas eu que o diz, é o mano Caetano, que lhe vai aparecer aí em casa noutro meio de transporte que não este).
Abraço apertadinho.
Festas Felizes para si e família.
🎄