Há uma criança durante estes dias deambulando pela casa grande onde a lareira está acesa. Vai passando primeiro com os seus velhos carrinhos pelos nossos colos, às vezes sobe um pouco mais e atreve-se até aos nossos cabelos. Gritamos: ai estás a aleijar-me. No dia seguinte ele já tem brinquedos novos e as meninas mais velhas passam muito tempo com os legos minúsculos a tentar torná-los bonecos. Há dois dinossauros, ele diz-me que um é o dinossauro voador que mergulha na água para tirar os peixes. O outro...o outro, ele hesita...e depois diz-me que é o dinossauro andador. Classifica estes dias com uma ternura tão grande, diz: estes são dias bons! Isto sem que ninguém lhe tenha perguntado nada. Penso no que ele recordará de tudo isto quando for grande, agora tem apenas cinco anos, cinco mal feitos... pois nasceu três meses antes do tempo. Olho para ele e penso que se ele é o milagre da vida, também eu terei coragem de voltar a gostar da vida e a achá-la um milagre.
Dos meus natais não recordo um único brinquedo, apenas sons, cheiros, paladares.
Deste Natal ainda o quadro que me foi destinado: reflexos de Cibele. Guardei as lágrimas para dentro, lindo em tudo, sobretudo no modo como foi oferecido.
~CC~
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