Há uma semana que não ia à escola, deixei os moços entregues a outros colegas. A recomendação médica apontava os dez dias mas aos oito o corpo disse que podia arriscar o embate com a função.
E foi bom voltar por causa do carinho que no dia a dia nos passa completamente despercebido, com o tempo e alguns conflitos até nos pensamos mal amados e começamos a desenvolver teorias sobre o modo como a organização nos despreza, nunca cheguei a tanto, mas houve dias cinzentos. Hoje olho para estas múltiplas cores que habitam as organizações com alguma tranquilidade, se na vida não há preto e branco, aqui também não.
Estás melhor?! Já aqui? Que bom professora vê-la de volta!
Aguento-me bem! Pensavam que se viam livres de mim? Cá estou para vos infernizar...
Ia conseguindo respostas mais ou menos divertidas, boas para esconder a emoção, afogando o turbilhão num sorriso tranquilo. Não estava pronta para o que ia acontecer. À saída da escola os moços trajados a preceito bebiam como mandam as regras deles. Não há quinta feira ao fim da tarde que não seja negra e bem regada. Como eles tapavam a estrada, abrandei a marcha do carro para se desviarem e me deixarem passar. É então que um aluno meu diz alto aos outros: deixem passar, deixam passar, é a professora mais gira da escola! Fiquei estupefacta com o atrevimento e ainda mais com o teor da afirmação e, sobretudo, certa de que a bebida turva a percepção da realidade. Aguentarão estes fígados todas as quintas do ano? Pensei como é que amanhã ele me irá encarar na sala de aula mas depois realizei que amanhã já não se lembra do que disse. Eu cá também não!
~CC~
Sem comentários:
Enviar um comentário
Passagens