Querido Ezequiel
Esqueci-me de trazer o chapéu, julgo que esse lapso se deve a saber que o teu não viajaria a meu lado por estas belas ruas de pedra luminosa.
Recordo o teu beijo na Plaza Mayor, como treinámos para unir as bocas sem tirar os chapéus. Será assim sempre que cruzar a praça. Estava este mesmo frio e comprámos tangerinas, aqui, no mesmo lugar onde estou, bebi das tuas mãos cada gomo. A minha memória é construída de pinturas vivas, emergem dos passos que vou dando. O céu estava nublado nessas noites, choveu, quase nevou. Hoje a lua estava no centro da praça, pendurada no ceú nocturno a sorrir.
Serás o meu cigano nesta cidade e eu a tua rapariga russa, esse casal improvável que com passaportes portugueses cruzou fronteiras, atravessou dores, destruiu muros, mergulhou nas pontes. Que o tempo nos guarde e proteja.
Tua Tatiana
~CC~
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