domingo, 16 de novembro de 2014

Fila H



Não sei se vocês também têm uma fila preferida num cinema perto de vós, talvez mesmo um lugar nessa fila. No cinema da minha cidade esgota primeiro sempre a fila onde podemos estender as pernas, onde ninguém está à nossa frente, onde o écran parece ser só nosso. Aprendemos uns com os outros que é a melhor fila, aprendemos com quem aqui nasceu, com quem nos levou pela primeira vez, é por estas pequenas coisas que começamos a pertencer a uma cidade.

É na fila H que recebo a festa do cinema francês, desta vez muito curta, sabe a pouco. Mas sabemos que se estendeu a mais cidades, um mal por um bem maior. Num país que nos habituámos a ver como avesso à emigração e onde a Frente Nacional ganha cada vez mais terreno, parece impossível um documentário como La cour de Babel, um ninho onde os miúdos de todo o mundo ganham asas para poder voar num território tão adverso como a França. Trabalho de tricot de uma professora que parece assumir a direcção da turma, costura afectos mesmo se tem linhas de dor. Gostei particularmente do modo como ela chama as famílias, dando-lhes espaço para que se expliquem por si mesmo, em vez de iniciar a conversa pelo sermão, é assertiva e exigente, é doce e amiga. Uma surpresa esta França.

~CC~

3 comentários:

  1. Os lugares da última fila junto ao corredor, porque detesto ouvir gente a cochichar atrás de mim (à minha frente ou ao meu lado, estranhamente, ou não, não me incomoda tanto) e gosto de me sentar ligeiramente de lado com as pernas cruzadas (é é mais confortável fazê-lo num lugar junto ao corredor).
    Não perdia uma festa do cinema francês quando estava no Porto.

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  2. Pois é, como o compreendo...e em Londres ainda há cinemas de bairro ou já nem por isso, só salas pequeníssimas enfiadas em centros comerciais?
    ~CC~

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  3. Tenho uma na minha zona, mas dizem-me que já fecharam muitos.

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