Sei que o Verão chegou não pela temperatura alta, o céu azul, a chamada para a praia. Sei que chegou porque o meu corpo mudou, tem uma indolência que o assalta como uma onda, é como se de repente tivesse mudado a voltagem da corrente de energia a que costuma estar ligado. Sei que chegou porque minha cabeça tem outra agulha, começa a pensar em livros para ler, a lugares onde ir, a não aguentar as noites presa em casa, a relativizar a urgência de todas as coisas, a pensar que ninguém morrerá se eu não cumprir tudo na hora, se eu não fizer bem feito, ganho o direito ao erro. Sei que é Verão porque a formiga que há em mim se transforma em cigarra e ela me desencaminha. Não é o desejo de festa, é mais a rua, o apelo do ar livre, se pudesse dormia por baixo das estrelas. E tenho saudades das férias grandes, do tempo em que as férias eram grandes e a nossa cabeça podia parar, descansar, desligar de tudo.
~CC~
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