Eu e ele somos as pessoas mais diferentes que há no mundo, as mais parecidas. Pensamos do mesmo modo em muitas coisas e de modo completamente diferente noutras. Temos uma ligação ao mundo e às coisas de natureza completamente diferente. Ele pode ser do mais racional que há, eu às vezes sou capaz também, mas em geral é o meu coração que conhece as coisas e as pessoas. No entanto, ele que é do mais racional que há, é mais capaz de chorar num filme do que eu.
Eu e ele já dissemos tudo sobre as partes que odiamos um no outro. Também dizemos muito sobre as partes que amamos um no outro, com e sem palavras. Fiz-lhe confissões que não pude fazer a mais ninguém, não fui capaz. Eu digo muitas vezes a palavra medo e tenho medo de muitas coisas, ele raramente a pronuncia. Ele vem do mundo rural mas vive há mais de 30 anos numa cidade. Eu não venho bem de parte alguma mas sempre vivi em cidades, embora sonhe românticamente com o mundo rural, consciente da fragilidade do meu próprio sonho.
Somos um casal singular. À luz do estado português não somos nada um ao outro, não temos o mesmo domicilio fiscal, a mesma morada para a água ou a luz. Não temos modo de provar que vivemos em união de facto. Provavelmente é só união, não é de facto.
Quando começou pensei que acabaria no dia seguinte e pensei assim durante muito tempo, talvez nos 3 primeiros destes dez que se avizinham. Penso sempre que posso viver sem ele mas quando experimentei viver sem ele, isso custou-me muito. Eu e ele somos pessoas muito senhoras de si, do que queremos, de como queremos, custa-nos ceder. Eu faço-o às vezes para o ver feliz e creio que ele também. Noutras não cedemos, não queremos.
Somos um casal singular, não temos filhos em comum, nem casas, nem carros, a única coisa a juntar-nos é a vontade de um beijo, de um abraço, dois dedos de conversa e muita vontade de ir ao teatro.
~CC~
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