Sonhava muito com o Verão quando estava no hospital. Com todas as coisas que faria, com o sol a dourar-me a pele, com aquela luminosidade dos fins de tarde, com viagens longas aos lugares aos quais queria ir, ou tão só com vestir roupa mais leve. Esses sonhos deram-me energia, força, ânimo, creio ser essa a função dos sonhos. Sonhava que chegava o Verão, que eu chegava ao Verão.
Ontem mergulhei os pés na água fria mas transparente de Tróia. E tive tanta sorte que apareceram golfinhos perto do barco. E comi novamente um gelado da maravilhosa casa de gelados que há por lá. Essas coisas pequenas dão-me, a cada dia, força, levam as sombras. Nunca me farto do que é bom, do que é belo, nunca me ocorre dizer; já fui, já fiz, e pensar essa coisa boa como um assunto encerrado, gasto. Gosto muito de coisas novas mas também de repetir o que é bom, é como se cada uma dessas vezes permitisse guardar mais e mais na memória o cheiro, o sabor, a sensação.
Outros sonhos estão ainda distantes, tantos destinos onde queria ir, alguns que sei impossíveis, outros que ainda me parecem possíveis de lá chegar. Para o que não cumprirei falta-me o dinheiro ou a companhia ou a saúde. Tento, ao deparar-me com as barreiras, entristecer sem me deixar derrotar. Contornar as dificuldades, encontrar pequenas soluções. O por do sol em Monsaraz não será igual ao das Ilhas Gregas mas será ainda assim um alento para um coração que quer viver.
~CC~
Há tanto ainda por cumprir CC. Tanto pelo que viver...
ResponderEliminarE podemos ver isso pelos dois lados: causar-nos frustração pois sabemos ser impossível ser e cumprir tudo; como um ingrediente de vida, fazendo-nos querer, sonhar e estar vivos. Confesso viver as duas coisas.
ResponderEliminar~CC~