A minha família vive espalhada em geografias multivariadas. Nas nossas conjugações infinitamente variáveis às vezes há encontros e há dois momentos privilegiados em que isso acontece: o Verão e o Natal, bastava isso para gostar infinitamente dessas épocas.
Chegam bebés de cujo nascimento soubemos e que agora já andam. Outros que vimos ainda bebés já falam quase como gente grande. Atrás deles chegam outros de que só sabíamos o nome porque o parentesco se faz pelo lado materno e o paterno é que é o nosso ou vice versa e depois de os vermos já lhes podemos juntar um rosto, um corpo, um modo de ser. Sabemos que o bocadinho que ali estivermos durará meses ou anos, raramente é possível saber quando nos veremos novamente. Às vezes tenho pena de não termos uma mesa grande, dessa mesa não se encher quase todos os domingos, como vejo acontecer noutras famílias. Outras, penso que nunca me habituaria a outro modo de ser família que não este. Estas configurações espalhadas pelo país, pelo mundo, que de quando em quando formam constelações felizes.
Afinal este modo de viver juntos vivendo separados também é assim mesmo com os amores mais próximos, apenas os encontros são mais regulares. É verdade que agora, depois de um ano em que a doença trouxe todos para mais junto de mim, tenho que me habituar a que a recuperação implica também que se afastem um pouco mais e que a conquista da saúde é também a conquista da minha autonomia. Às vezes ainda custa porque não estou bem, outras porque a chegada a uma casa vazia depois de um dia intenso de trabalho é dura. Mas em geral, na maior parte das vezes, gosto da minha solidão acompanhada.
~CC~
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