terça-feira, 2 de janeiro de 2018

O fim do racionalismo



Substitui a lista ordenada de desejos por grande desejo único, acompanhado de alguns vagos e difusos, que seria incapaz de hierarquizar. Em nenhum depositei a expectativa de uma vida como fiz antes tantas vezes, convencida pelas lógicas de massas que fazem destas fronteiras expoentes de ansiedade.

Comi uma passa e bebi meio golo de champanhe. Vesti-me normalmente, mas disseram-me que estava bem, que tenho outro ar, concordei. Não dancei e pela primeira vez não ouvi músicas brasileiras de passagem de ano nem na rua, nem em casa, não vi nenhum fogo de artifício e não lhe senti a falta. Houve por ali em casa acordes de alguém que tocava mas o que nos apetecia mesmo era conversar. À vez houve amigos, houve a outra família que não tinha acontecido no Natal. Não vi a minha filha mas ouvi-a, não fez mal, senti-a, sei que está comigo e eu com ela.

Não é, nunca será um dia como os outros este em que o ano dá a volta mas é ao mesmo tempo um dia sim, um dia como os outros são.

~CC~

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