Se encontrares um brinco cheio de missangas branco, comprei-o numa loja de artesanato em Monchique e é pouco provável que volte lá tão cedo, além disso, sendo um produto artesanal, não há outro igual. Gosto de usar coisas brancas no Inverno. Esse brinco faz parte da minha fortuna pessoal, era importante que o devolvesses.
Se encontrares a minha luva preta, com capa dupla de lã, são as mais quentes que alguma vez tive e suporto muito mal o frio nas mãos. Não sei onde a comprei mas não foi em nenhuma loja comum, dessas que há em todos os centros comerciais, era importante que a devolvesses, sem ela a minha fortuna pessoal está incompleta.
Mas se encontrares a minha indignação, não a devolvas, guarda-a para ti. Eu tenho-a em dose tão excessiva que por vezes me é letal, tira-me o sono e a alegria. Sem ela a minha fortuna pessoal também estará incompleta, mas como está sempre a nascer, haverá sempre uma boa dose para deixar como herança.
~CC~
Pergunta: indignação que não nos tire o sono e alegria, é indignação?
ResponderEliminarTem razão Luís, mas tenho um sonho...o de praticar uma insubordinação alegre, uma revolução festiva, uma resistência luminosa, enfim, coisas...
Eliminar~CC~
Fiquei a saber que para além desse património perdido, também transporta na bagagem umas tertúlias dialógicas literárias que me encheram de curiosidade.
ResponderEliminarHá, para quem goste de ler, alguma coisa melhor do que, terminada a leitura, conversar, debater sobre o livro lido? É como ir ver um jogo de futebol ao domingo e comprar o jornal desportivo à segunda-feira. Não é... é bem melhor - a comparação foi infeliz.
Ao aprofundar sobre as tertúlias literárias dialógicas na comunidade autónoma de Barcelona fiquei a saber que partem de duas condições ou critérios fundamentais. O primeiro, a leitura de literatura clássica universal e o segundo, a participação tanto de crianças e jovens como de adultos sem títulos académicos e com muito pouca experiência leitora antes das tertúlias. Não sei se se aplicam à sua estes critérios.
Impressionou-me o testemunho de uma aluna do 5.º ano do 2.º ciclo, onde exemplifica o desenvolvimento de valores, tais como o da convivência, do respeito e da tolerância, a partir de tertúlias:
«Uma coisa muito importante que eu aprendi na tertúlia é o que pensam os meus colegas e de que forma pensam. Eu não imaginava que eles pensavam as coisas que dizem nas tertúlias. Por exemplo, quando estamos a debater, eu penso numa coisa e outro colega pensa noutra diferente, sobre a mesma coisa.
Eu pensava que todos pensávamos as mesmas coisas. E parece-me bem que
cada um tenha a sua forma de pensar. Nunca nos zangamos numa tertúlia,
mesmo quando pensamos de forma diferente. Algumas vezes mudei de ideia
com a qual de início não concordava, mas os argumentos dos meus colegas convenceram-me.»
Hoje o domingo já valeu. Fiquei a saber o que desconhecia.
PS: só não fiquei a saber que a CC deve ser uma pessoa interessante, porque já sabia.
Ah, ah...como é que o Joaquim fica a saber essas coisas?! Não que me queira propriamente esconder mas fico ainda espantada com a quantidade de informação que é possível saber sobre alguém. As tertúlias dialógicas literárias são mesmo mágicas, fiz formação, pratico-as, defendo-as. Estive uma semana em Sevilha e fui a duas escolas que só tinham crianças ciganas e foi vê-los a ler os clássicos:)
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e então CC, imaginava que as crianças ciganas não liam como quaisquer outras? Os clássicos escreveram com o mesmo abecedário dos mais e basta saber ler, independente de cor ou credo. Para mais sendo criança.
EliminarDigo eu que não fiz formação, não sei o que sejam tertúlias dialógicas ou das outras, e palpita-me que acharia em Portugal comunidades ciganas capazes de fazer coisa parecida às de Sevilha. Mas, lá está, pouco me dedico a comentar leituras. E se calha estou só a dizer parvidades.
Boa noite
PS: também gostava de saber onde é que o Joaquim tem as fontes de informação.
Claro Bea que sei que uma vez estimuladas as crianças ciganas são iguais a quaisquer outras, só precisamos é de acreditar nisso e infelizmente há muito quem não acredite...é aquela velha história de cumprirmos as profecias (se calhar ainda se deve lembrar de um livro velhinho de pedagogia chamado "os aprendizes de Pigmaleão" que explica isso mesmo). Iguais às de Sevilha felizmente acho que não temos, pois são escolas "gueto", mas já temos muitas tertúlias por aí a acontecer:) Que se leia, que se ame a palavra dita e escrita, com tertúlias ou sem elas...
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Para encontrar as coisas perdidas usa-se atar os testículos do diabo...:) Não há por aí uma fita, ou um cordão? É só dar-lhe uns nós e colocá-lo debaixo de algum peso, um vaso por exemplo, até os objetos perdidos reaparecerem. :))
ResponderEliminarA sério? As coisas que a Luísa sabe...que maravilha!
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Luísa, essa do diabo é mesmo novidade, eu só conheço a do Santo António.
EliminarHumm... e será que resulta com a esperança perdida?
🤔
a minha avó ata um cordel a uma perna de mesa até o objecto reaparecer, mas nunca mencionou que era os testículos do diabo!
EliminarE há ainda, sempre, os livros que fomos emprestando e nunca encontraram o caminho de volta. Não faço ideia o que almocei no passado domingo, mas recordo os livros que emprestei aos quinze ou dezoito anos (e por lá permanecem). Diria que a maioria do que temos não é insubstituível, mas o que é, não tem preço. Para o bem e para o mal, as nossas fortunas pessoais são, assim, incalculáveis...
ResponderEliminarBoa semana, CC :)
Olá Xilre, bem vindo...livros emprestados, mais que muitos que nunca mais encontraram esse caminho, por uns ainda lamento, por outros, acho que até ficaram bem entregues:)
ResponderEliminarSem dúvida, a nossa fortuna é algo de muito, muito pessoal. Imagino a sua com algumas primeiras edições de autores muito amados por si.
~CC~
~CC~
perdi o juízo, nã sei se foi quarta, segunda ainda o tinha. era pequeno e fraco, de pouca consistência, uma rajada o levou pela certa. dão-se alvíssaras a quem encontrar...
ResponderEliminarAta os testículos ao diabo...
EliminarEu gostava das alvíssaras mas não encontrei:)
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São Longuinhos faz as coisas aparecer, mas tem que se lhe prometer três saltinhos.
ResponderEliminarO direito à indignação, é um direito do qual não abro mão. E manifesto-a.