Há momentos de grande desarrumação interior, sentimos que nada fica igual, as coisas próximas ficam distantes, como se estivessem noutra vida.
Creio que um desses momentos, provavelmente não só para mim, acontece quando temos que trocar fraldas à nossa mãe. Essa inversão de papéis é muito dolorosa e é uma dor que não se explica facilmente, penso que é vivida tanto pelas mães como pelos filhos e filhas.
Quando um novo ano começa difícil, deixa-nos ficar, contudo, com esperança, talvez acabe melhor.
Já a ausência, daqui, de outros lugares, e até da minha própria vida, é muito mais que falta de tempo, de oportunidade, de capacidade, é o desalento que toma o espaço de tudo. Também sei lutar contra ele, também saberei vencê-lo, às vezes demora um bocadinho, vai demorar um bocadinho.
~CC~
Ser mão do meu pai foi o maior choque que vivi, depois, foi uma honra, uma gratidão imensa, uma paz.
ResponderEliminarDeixo aqui outro abraço forte no seu corpo franzino, mas tão imenso
Ana, querida Ana...
Eliminar~CC~
Como a CC é forte, não precisa que lhe deseje força para superar.
ResponderEliminarPenso nisso muitas vezes, e creio que mais ano menos ano, mais dia menos dia, me tocará também.
Até lá, só lamento que devido aos imponderáveis da vida, não viva mais intensamente os últimos anos de vida com ela.
Joaquim, há já algum tempo que o tenho procurado fazer, sobretudo proporcionar-lhe bons momentos. Foi sempre uma pessoa corajosa mas difícil mas já lhe perdoei tudo, estou em paz com ela.
Eliminar~CC~
Querida ~CC~, como a compreendo, e como lamento que esteja a passar por essa tristeza.
ResponderEliminarEspero que consiga ler no que não digo aquilo que sinto.
Abraço enorme.
🌹
Maria
Maria, pensei muito em si nestes últimos tempos, em como se a conhecesse lhe telefonaria a pedir conselhos...e na sua generosidade.
Eliminar~CC~
O desalento, esse bicho que nos quebra, nos faz baixar a cabeça, que traz ao de cimo todos os cansaços. Nesta visa, penso que é o bicho mais difícil de combater, mas não impossível. Leve o seu tempo. Faça as suas lutas, mas volte, revigorada vencedora.
ResponderEliminarMelhoras para a sua mãe. Muito amor e paciência, vão precisar de ambos em grande quantidade. Nem devia de valer - Eles que tudo sabiam e tudo nos ensinavam, chega um dia somos nós quem os ensina.
Muita força e não deixe de lutar contra o desalento. Eu, quero-a por cá :)
Obrigada, vou lutar.
EliminarBeijinho
~CC~
CC, embora o que dizes seja de uma abrangência de cuidados, preocupações, tristeza, etc, maior do que o tipo de tarefas que mencionas, pergunto se o fazes porque tem mesmo de ser (não tens alternativa) ou se fazes questão e te sentes melhor por fazê-lo?
ResponderEliminarDe qualquer modo, força.
Isabel, é um misto das duas coisas.
EliminarObrigada
É muito difícil sermos pais dos nossos pais. Nunca vamos estar preparados.
ResponderEliminarDeixo um abraço :)
Nunca estamos mesmo! Até eu que me fui preparando...e que passei por tanta coisa parecida. Acho que a minha experiência me tem, contudo, ajudado.
ResponderEliminar~CC~
Olá ~CC~
ResponderEliminarSão situações difíceis. E não há casos iguais.
Por vezes, havendo essa possibilidade, pode ser mais fácil de suportar se os cuidados de higiene ou outros estiverem a cargo de profissionais. Para os pais pode ser menos triste ou menos humilhante se não forem os filhos a levar a cabo cuidados em que se sentem mais expostos, mais vulneráveis.
Claro que pode não ser possível e, aí, é preciso um esforço grande, para ultrapassar inibições de vário tipo e o desgosto pelas circunstâncias.
Desejo que consiga força para enfrentar o esforço psicológico (e, se calhar, também um físico).
Um abraço, ~CC~, e que tudo evolua da melhor forma.
E que o ano novo consiga ser um bom ano apesar do sofrido começo.
Curiosamente com a minha é precisamente ao contrário, rejeita os profissionais e prefere a ajuda de familiares, desde que mulheres. Mas tem que se ir habituando pois a tarefa tem que ser repartida, ninguém a aguenta a tempo inteiro.
Eliminar~CC~
Penso que quando gostamos muito de alguém que precisa de nós a tal ponto, esquecemos essa inversão de papeis, aceitamos. Sofremos mais por ver sofrer do que por essa inversão que nos torna a nós os fortes e a eles os fracos. Mas se o amor não é forte, se há muita queixa, mais difícil será.
ResponderEliminarE no entanto creio que quem cuida precisa de tempos certos fora desse ambiente. Todos precisamos respirar livremente e trabalhamos melhor se soubermos da pausa. Conheço vários casos de gente que se tornou depressiva e hoje depende de medicação, por ter cuidado sem interrupção e ao longo de meses, de pais doentes ou senis.
Portanto, CC, não arme em super mulher, dá mau resultado.
Não armo não, estou consciente da dificuldade e dos efeitos que isto produz, tem toda a razão. Sofrem eles mais mas nós também. Mas as soluções não são fáceis, não há pessoas que queiram fazer isto, apesar de ser um emprego de futuro. Quero obviamente regressar à minha vida e ajudar aos fds, é que ainda por cima moro a 250Km.
EliminarUm abraço
~CC~
Vão ser tempos difíceis, CC. Tratar de velhos não é igual a tratar de crianças, há pouco quem se chegue. Os velhos, em geral são pesados, não se movem ou têm dificuldades múltiplas. Quando não há estruturas de apoio e gente treinada e com força suficiente, não é fácil resolver o problema. Mas somos um país de velhos e surgem instituições que apoiam ao domicílio. É uma ajuda que simplifica a vida do cuidador. Talvez, se existirem na sua cidade, seja mais fácil encontrar quem se disponha a cuidar de sua mãe já que as tarefas mais pesadas cabem a cuidados digamos, profissionais. É só uma ideia. Não sei se ajuda.
EliminarComeço de ano bem difícil, esse, CC. Digo que não sou supersticiosa mas se calhar até sou. Toco na madeira da minha secretária enquanto aqui teclo para afastar o momento em que o meu pai possa vir a necessitar de cuidados assim. E agradeço a Deus, ou a qualquer força em que se queira acreditar, por ele ainda estar tão ágil nos seus quase 86.
ResponderEliminarUm abraço, CC, com desejos de que tudo corra o melhor possível.
A minha mãe aos 86 estava óptima:) Já vai nos 91...as algarvias são moças marfadas!
ResponderEliminarObrigada Luísa, um abraço também.
~CC~