Certas palavras invadiram de rompante o nosso quotidiano, coisas pouco habituais como pandemia, pico e planalto, gastaram-nas até à exaustão. Também se usa muito o novo normal, coisa mais de elite.
Surgiram também profissionais que pouco vinham à ribalta e menos ainda eram ouvidos pela comunicação social, tais como os epidemiologistas, os intensivistas e os matemáticos. Multiplicaram-se de tal modo que acabaram por se anular um pouco uns aos outros, reclamando cada um a virtude maior do modelo matemático usado. E houve médicos a filmarem interiores de hospitais, como se fizessem uma série de televisão a partir da própria realidade. E famílias a deixarem-se filmar e aos filhos bebés nas suas casas para mostrar as dificuldades da quarentena. Alimenta-se o bicho papão sempre com mais uma história, variando entre o aplauso, a dor, o terror. Mas o pior vem mesmo quando os jornalistas acham que são poetas, pois o que fazem é simplesmente má poesia, um traço que também tem marcado os dias em que vivemos (E se tivessem chamado mesmo os poetas?!). A comunicação social parece ter-se auto convencido do papel essencial, vital e maravilhoso do jornalismo, mas acho que pouco ou nada melhorou e que continua a haver muito mau jornalismo. O espectáculo, ainda é o espectáculo que tem a primazia sobre quase tudo o resto. E heróis, que os há, serão sempre anónimos, não precisarão de ter sobre eles os holofotes, estes holofotes. Daqui a uns anos, talvez um livro, um filme, nos traga a história de um deles, bem contada, não para nos pôr a lacrimejar ou para nos assustar, mas para nos mostrar a imensa complexidade do ser humano nesta luta.
~CC~
Bolas CC, tirou-me as palavras da boca. É que ontem apaguei mesmo esse bocado ao meu post. Não me agrada nada a poesia dos jornalistas, deles eu espero que façam jornalismo. Parece-me que lhes dão demasiado tempo de antena. E vi mesmo um comentador banzado com o facto. Ele estava lá para comentar, mas quase não abriu a boca porque ao jornalista estava a dar-lhe para a poesia. Incrível.
ResponderEliminarDo resto procuro não ver, a tv explora o sem assunto até ao exagero e é como diz, consegue desinteressar-nos de tudo.
Boa noite
Conforta-me Bea que nesta matéria pensemos do mesmo modo.
EliminarFique bem.
~CC~
Aos anónimos, tiro o chapéu. A si que os trouxe, o meu muito obrigada.
ResponderEliminarBoa tarde, feliz páscoa
E eu a si também lhe agradeço por estar de modo inequívoco aqui e com os anónimos nesta batalha.
Eliminar~CC~
Sobre os telejornais e debates acerca do covid-19 deixei um comentário no Arpose, no dia 10; não conseguindo transcrevê-lo para aqui (sou uma naba informática!), talvez a ~CC~ queira dar uma espreitadela...
ResponderEliminarAbracinho.
🌻
Às vezes leio o blogue dele Maria, mas não foi o caso.
EliminarAbracinho
~CC~
muito bom :) reparei nessa "poesia" jornalística, achei até que era uma nova pandemia!
ResponderEliminarEu acho que parece ser:)
ResponderEliminar~CC~