domingo, 14 de fevereiro de 2021

Do dia

 

Será difícil encontrar alguém menos romântico, com uma vocação zero para  dias de festa e rituais sociais, sejam eles forjados na fé, no comércio, na tradição ou mesmo no afecto. Eu que habito a escala média baixa destas coisas, nada refém, não totalmente indiferente, há muito que tento entender e habituar-me. Hoje até se excedeu face ao habitual e chamou-me namorada. 

Mas a coisa mais bonita que fez por mim foi mesmo descoser o botão do casaco que eu tinha cosido com linha creme e cosê-lo como deve ser, como linha condizente com a cor do dito. Na verdade isso deu-me muito mais jeito do que receber flores, não obstante eu apreciar flores, sobretudo do campo.

~CC~

6 comentários:

  1. Um gesto tão maternal, não é? Descoser e coser um botão. E acha a CC que foi acção feita em função do dia. Mais me parece coisa natural em quem se preocupa consigo e a nota e distingue.

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  2. Se foi coisa natural ... abra-se o champanhe e festeje-se.
    Boa semana

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    1. Não percebi mas troco o champanhe por gin tónico e desejo um resto de boa semana.
      ~CC~

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  3. Não sei onde me situo na sua escala de romântico. Se no topo ou se no meio. Sei que ainda ofereço flores e gosto de pagar um jantar. Das velas prescindo, não gosto de exageros.
    Parece-me que hoje em dia ser romântico virou coisa de minoria, em prol do politicamente correcto. Se assim for, exigo o mesmo respeito que é dado aos vegetarianos e aos homossexuais :))
    Actualmente os jovens, quando em grupo, gostam de se afirmar de outra maneira, pelas artes, pelas causas sociais, pela cultura - o romântico é coisa de passado, cheira a mofo conservador - qualquer dia até o amor cai em desuso (não falo do amor platónico, porque esse já está) e as coisas do coração cristalizam.
    Mas como não ficar sensível a um Jorge Palma quando canta:

    Se eu fosse compositor / Compunha em teu louvor / Um hino triunfal / Se eu fosse crítico de arte / Havia de declarar-te
    Obra-prima à escala mundial / Mas eu não passo dum homem vulgar / Que tem a sorte de saborear / Esse teu passo inseguro / E o paraíso no teu olhar

    Quanto ao caso concreto, subscrevo o que a Bea diz, que, para além de escrever bem, ainda pensa melhor.

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  4. Joaquim, quem pode não amar as palavras e a sua beleza? Quem nunca desejou receber um poema, umas flores? Eu sou filha de um artista das palavras, o meu pai escrevia belas cartas de amor, contudo, fez muitas mulheres infelizes com o seu feitio egoísta e volúvel. E há pessoas que têm outros modos de dizer coisas.
    ~CC~

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