domingo, 25 de julho de 2021

É outra vez Domingo

 

Lembro-me deles por ser novamente domingo, mas já foi há uma semana.

Deviam ser entre sete a dez. Calculo-lhes também as idades, entre 10 e 14. Chegaram com umas caixas e umas garrafas de gasosa de litro que passavam de mão em mão. Ocuparam a entrada dos prédios, a sombra dos varandins.  Nesse dia estava calor. Cantaram, riram, comeram e beberam. Ouvia-lhes as gargalhadas. Todos sem máscara. Devem ter tido receio de ocupar um jardim público, só isso explica esta escolha. Ou talvez ser um sitio central na cidade, bem servido de transportes públicos, creio que não moravam por aqui.

Por fim ouvi os parabéns a você, uns dez minutos depois desapareceram como chegaram.

É assim que se faz a festa dos adolescentes pobres da minha cidade em tempos de pandemia.

~CC~




2 comentários:

  1. E oxalá a vida lhes tenha um bom futuro no regaço, já bastam as limitações que sofrem hoje. Penso que assistir a essas festinhas de pobre, mesmo de longe, ajuda a esperança. Faz bem.

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  2. Coitados. Tenho mesmo pena deles, privados de uma parte de socialização fundamental no seu desenvolvimento psicológico.

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