segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Pudim de laranja (II)

 

Foi a mana mais nova a fazê-lo e não fora a calda de açúcar ter ficado tão pálida, tinha ficado perfeito. Não que eu o adore, como apenas um pouquinho para saber que é Natal. 

Faltaram, contudo, as filhoses com a receita dela, as únicas que como e gosto mesmo. Falta-me a força para as amassar, a paciência para as fritar, a companhia para brincar com a massa, a alegria de as fazermos em conjunto. É assim que as coisas se perdem, alguém sugere comprar, alguém deixa de estar, alguém sente-se incapaz. Esta é uma pequena parte triste, as outras não o foram. A mesa voltou a ser grande, até o nosso rapaz que testou positivo recuperou a tempo.

Ganhei uma almofada de sumaúma, igual a que usei toda a minha infância, embora bem maior que a que então usava e para todo o lado transportava. Até sonhei que era novamente aquela miúda completamente inocente e sozinha entre dois irmãos mais velhos. Era triste e alegre, feliz e infeliz, receosa e aventureira. Tantos anos depois e ainda sou a mesma coisa. Só as ruas mudaram. E sorrio com mais rugas.

~CC~





6 comentários:

  1. Eu também tinha uma almofada de sumauma e agora lembrei me disso! Que saudades...

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    1. São mesmo boas...não sei porque se tornaram tão difíceis de encontrar...
      Ainda vai a tempo de ter uma novamente, é assim um desejo simples de ano novo, afinal são esses os melhores.
      ~CC~

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  2. Uma fofura, também tive algumas. :)

    Na casa dos meus avós paternos, havia uma arvore de sumauma, sei que são de grande porte, porém, aquela é pequena, talvez pelo pouco espaço que tinha para se desenvolver mas, ainda assim, deixava os meus olhos de criança plenos de alegria com os seus frutos fofinhos.

    Feliz ano novo, e boas sonbecas.

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    1. Sim, é uma árvore enorme, emblemática e com múltiplos aproveitamentos.
      Obrigada...as boas sonecas são um pouco difíceis para mim, mas a almofada ajuda um bocadinho.
      Um bom ano para si também
      ~CC~

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  3. O Natal, sem os rituais que cada família institui, nem é Natal de verdade. Em nossa casa as filhoses foram sempre de compra, mas vinham do mesmo lugar, as únicas de que gostava. Mas a vendedora, envelhecida e sem ajuda, fechou portas. Este ano foram diferentes. E não foi a mesma coisa.
    Gostei de ler a descrição, CC. Tenho boas recordações de pudins. E também houve um à mesa e feito pela mana; que mal provei.
    Foi uma noite abençoada só por estarem juntos e com saúde. Como nós.

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    1. Os sabores são sem dúvidas também as (nossas) histórias.
      Obrigada por vir e contar da sua alegria.
      ~CC~

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