Na sua memória quase incapaz de reter novos factos, ela procurou fixar aquele momento e aquele lugar e soletrá-lo em duas palavras, de tal modo que ainda fosse capaz de os recomendar a outros. Até se esqueceu o quanto detestava a cadeira de rodas e o modo como nela as pernas se desalinhavam num desconchavo que tinha que ser coberto com uma manta. Não é muito o que fazemos, ainda assim conforta-nos conseguirmos fazê-lo. Dois terços são por ela, um terço por nós mesmos.
Hoje saboreou a amêndoa de chocolate deitando fora a amêndoa que já não consegue trincar, em termos de sabor teria sido igual dar-lhe apenas o chocolate, mas em termos simbólicos não. E a vida, muitos não sabem, é feita de símbolos, tanto quanto daqueles pequenos nadas.
Agora sim, já foi Páscoa. É ela que me prende ao calendário.
~CC~
Temos assim um mais velho e é um gosto tê-lo à mesa a degustar os acepipes, não há alimento ou doce a que se negue. E ainda se desloca por seu pé, o que é benesse. Mas dele não depende a minha Páscoa.
ResponderEliminarNão sei bem o que me prende ao calendário, deve ser o próprio e mais a data que indica. Não houve amêndoas na minha mesa, mas alguém me deu um pacotinho e fingi que aprecio.
Boa semana, CC
Bea, infelizmente eu aprecio-as muito:) A Bea tem os seus rituais e eles marcam por certo o seu calendário, com a idade damos mais importância a essas coisas, mas não estou certa que me vá acontecer...pelo contrário, tenho até receio de me disseminar com o vento.
EliminarBoa semana
~CC~