De manhã a água turva, o vento e as pequenas ondas traziam a todas as conversas os tubarões fugidos do seu berçário natural, espraiando-se agora à espreita dos mais afoitos ao longo de toda a costa de mais de seis quilómetros da praia da Boa Viagem. Não são uma ilusão, avistei a barbatana de um e no grupo houve quem os filmasse por mais de uma vez, a não ser que sugestionados pelo receio, as nossas pupilas gerem estes fantasmas.
Contudo, os avisos de cuidado com o turbarão estão lá e são parte integrante da paisagem, embora pareçam de filme de Hollywood, quase a par das histórias que se contam pelas esplanadas, invariavelmente de um ou uma turista europeia, bem lourinha, tornada almoço do animal marinho. Já para os vendedores das mais de mil coisas que se encontram pela praia, não passam de uma invenção, ao estilo das bruxas, e foram boatos para levar todos os turistas do Recife para Fortaleza.
Pela tarde, o mar fica mais claro, sem modo de se disfarçar os tubarões ficam para lá da barreira das rochas e as crianças podem largar as piscinas de plástico que são afincadamente enchidas pelos mil e um trabalhadores da praia, a troco de uns poucos reais.
A minha condição de nadadora pouco audaz colocou-me em paz com os tubarões e pude deitar-me na água cálida como se fosse ainda uma criança deslumbrada pela possibilidade de ficar no mar infinitamente, sem o mínimo perigo dos lábios roxos. Ainda assim, sendo veraneante intermitente, não pude usufruir nem desfrutar em pleno, era pouco o tempo para beber o sol. Reforcei, contudo, a minha convicção de que a felicidade combina mesmo com certos momentos da nossa existência..
~CC~
A duração da felicidade só existe na memória. Oxalá esta viagem assim perdure em si. Será porque significou.
ResponderEliminarBoa Páscoa CC
Vai perdurar e por muitas razões além da calidez do mar. Obrigada Bea.
EliminarMomentos irrepetiveis e inesquecíveis.
ResponderEliminarUm abraço.
Sem dúvida. Um abraço
Eliminar