Olha só como a noite vem agora mais depressa, ainda assim tem chegado doce, em crepúsculos alaranjados e secos.
Permitiu-me um último banho de água em terras ainda banhadas pelo sol e brindes com sangria de champanhe, dotes desconhecidos da filha, nunca sabemos verdadeiramente tudo sobre eles, e o contrário também é verdadeiro.
Os retratos de família actualizam os laços que a dispersão geográfica torna difíceis e só a doses cada vez maiores de persistência permitem os momentos de partilha dentro dos anos que passam.
Entre duas palmeiras houve festa, depois saímos de rompante para o dever cívico, concluímos que já todos os que ali estavam podiam votar, um deles pela primeira vez. É quase só o que nos resta, esse voto na e pela Democracia.
Que a noite chegue mais cedo mas jamais nos engula.
~CC~

A seguir à água, o bem que considero mais precioso é a liberdade. O fogo e a amizade que não me levem a mal.
ResponderEliminarUma boa noite CC.
Duas coisas que gosto muito...ainda que não dias e dias de chuva seguidos. Boa noite Joaquim
EliminarA noite chegando cedo pode simbolizar a finitude, o crepúsculo da lucidez, a limitação temporal que nos força a priorizar o que realmente importa. Mas “jamais nos engula” funciona como afirmação de resistência: mesmo diante da escuridão, não podemos permitir que a existência se reduza a um vazio esmagador.
ResponderEliminarSim, a ambivalência do Outono com o seu escurecer cada vez mais precoce que convida à nostalgia mas não nos deve deixar mergulhar na tristeza.
EliminarAchei uma ternura este post, CC. Conheço assim uma paisagem de altas palmeiras semeadas entre árvores de menor porte, gigantes solitários que me lembram versos de canção "...o que faço aqui" é o que parece perguntarem. Deste verão também me ficou uma sangria de champanhe em restaurante desconhecido.
ResponderEliminarCoincidência: também notei os pores do sol alaranjados; surpresas de haver tempo para os apreciar.
No resto, pelo menos em teoria, concordo com ematejoca. Na prática tartamudeamos um tanto, a humanidade pesa.
Bom dia
Que roubemos tempo ao tempo para observar esse alaranjado a cada dia que mergulha na noite. A humanidade vai pesando sim, ou a falta do humanismo que parece acompanhá-la. Sejamos nós como este seu comentário: gentil e solidário.
EliminarO que é temível é que a noite começa a descer e a ocupar o dia todo.
ResponderEliminarUm abraço.
Não podemos permitir:) Abraço
Eliminareste entrecruzar de outono e democracia alerta-nos para o quanto alguns querem outonar a democracia, fazendo "cair-lhe a folha"
ResponderEliminarBelíssima metáfora!
EliminarUma escrita limpa e que nos faz gostar de ler.
ResponderEliminarA foto ficou muito bem "casada" com o texto.
Deixo um beijo
:)
Obrigada ☺️. Um beijinho
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