Há três divisões na casa
Na primeira delas visto-me e durmo
Na segunda apenas trabalho
Na terceira alimento-me
Em todas elas pratico a esperança dos dias azuis, outros
dias.
As vistas são só cinco
Na primeira a vizinha da frente, tatuada e com o seu enorme cão preto
Na segunda a praça da cidade absurdamente dominada pelos pombos
Na terceira a varanda abandonada e suja da vizinha do lado
Na quarta a estação dos comboios cada vez com menos ruído
Na quinta os dois castelos quando o nevoeiro permite vê-los
Em todas as janelas coloco o mar que realmente não vejo.
Há quatro hipóteses de comida
Carne, peixe, fruta/vegetais e sementes
Alterno-os como posso e às vezes misturo-os todos
Faço coisas maravilhosas que como sozinha, esfriam logo e
perdem o sabor
E imagino refeições numerosas em mesas de madeira debaixo de uma pérgula carmim.
Eu sou só uma
Mas não sou bem eu
Sou um ser imaginado
Um passo mais adiante.
Gostava tanto de ser assim positiva, das fraquezas fazer força.
ResponderEliminarCaraças, o céu estava azul e agora está plúmbeo - eu bem quero ser optimista mas...
Contudo, ainda conservo algum sentido de humor: venham de lá esses ventos fortes e essa chuva, ahahah!
🌪️🌧️☔
E tem mesmo sentido de humor, conserve-o:)
Eliminar~CC~
Que post tão bonito!
ResponderEliminarPronto, já ganhei o dia com este seu elogio:)
Eliminar~CC~
E eu que inda agorinha estive a pensar no mar com muita força, gostei das vistas marítimas. E o mar da CC transforma-se com as estações do ano ou é sempre igual?
ResponderEliminarO meu mar é sempre de Primavera, entre março e junho é quando prefiro a praia e estar junto dele. E a Bea?
ResponderEliminarO azul mais bonito mar que vi foi no Pacífico, mas aqui o da Arrábida também é muito bonito.
~CC~
Desconheço o mar do Inverno e até o de Outono. Já vi e senti o da Primavera adiantada. Se penso em mar, penso na minha praia com recorte de serra em fundo, na luz clara e destemida que a beija, na areia macia em cambiantes dourados, na água fresca que apetece, ondas que desmaiam de manso em bordados de espuma. Penso nas dunas de acesso onde desponta a vegetação, flores lindas de beleza incompreensível, que nem tudo é iluminado pela razão. Penso-me no calor e na frescura de tanto azul e tenho a exacta consciência de ser feliz.
EliminarCreio bem que no meu imaginário o mar é sempre estival, CC.
Aqui, os compartimentos são mais, por isso a solidão parece maior.
ResponderEliminarDa minha janela, vejo a vizinha que poda as roseiras do quintal, o vizinho que sai com a carrinha para os trabalhos agrícolas e um pouco da serra.
Experimento e invento pratos.
Bom domingo, CC. Um abraço.
Querida Deep, as casas grandes podem aprofundar a solidão sim mas também criam menos claustrofobia. Que bom partilhar a sua janela:) Hoje inventei um bolo, ficou bom mas tão pouco doce que "os meus" se o provassem protestariam.
ResponderEliminar~CC~