quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Mais meia hora de sol


Há uma diferença de cerca de meia hora entre o sol que se põe aqui na terra onde moro e na planície de onde venho. Ou talvez não seja tanto, mas parece, porque hoje cheguei aqui com chuva e noite cerrada e ontem a essa hora era dia lá. Ia contando, feliz, estes minutos de progresso em direcção à Primavera, a única estação em que me apetece permanecer. Apontei as estevas que já nascem, um outro cheiro, os muitos pássaros.

À hora do crepúsculo as ruas lá e cá despovoam-se no frio que corre por este Janeiro. 

Mas lá quando entramos num café ou num restaurante, está quase vazio mas há sempre um grupo de homens ruidosos, quase sempre olhando para um televisor que dá futebol, não há mulheres nem crianças. Aqui a baixa é um deserto mas há certas zonas sempre com gente, nichos de vida na cidade adormecida, com rapazes e raparigas.

Ao contrário do que pensamos há muita gente em viagem de trabalho, parando em hotéis modestos, com doces empacotados, queijo de plástico e sumo que imita bem o natural. Tudo se ouve nesses hotéis, mas depois da meia noite há silêncio e paz. Este país é outro país, há tantas coisas que não sabemos se não formos aos lugares.

Temos mais sono no campo, dormimos cedo, eu e o meu amor, no torpor alentejano que se nos cola ao corpo e se torna segunda pele. Trabalhei tanto e, não sei como, descansei. 

~CC~

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