Terça feira passada estava no Algarve, na Sexta já ia a caminho de Trás os Montes, no Domingo estava com os meus alunos em Setúbal no projecto comunitário. Tantas coisas tão boas. E no entanto, eu, dificilmente à altura de as amar.
Não me custa nada isto, adoro engolir paisagens com os olhos, acordar noutro lugar, não fosse isto já ser já em tamanho excesso.
É nestas alturas difíceis que amar as palavras faz-me desejar muito o silêncio. Por momentos queria apenas diluir-me na natureza, deitar-me na terra, fechar os olhos e escutar só o vento. Toda e qualquer palavra a mais é um excesso, uma orgia desnecessária, um desperdício de energia. Toda a exuberância me perturba e não quero saber mais coisa nenhuma, não quero ler mais, não quero conhecer mais ninguém. Detestei o orador mais amado por todos, não acho graça do que todos riem, não gostei o suficiente da minha própria comunicação.
É isto o cansaço. E por causa dele os vírus invadem-me, tão oportunistas que se infiltram em todos os cantos da minha pele, rebentam com todas as zonas com mucosas, colonizam-me, fazem de mim o seu magnifico repasto.
E detesto tanto a minha pele assim branca, deslavada, o meu corpo a destapar-se, a mostrar as partes que queria esconder. Qualquer psicólogo me recomendaria umas pílulas de auto-estima. Porém eu sei do que precisava. É a casa, o quintal, a árvore, os pirilampos, um céu grande cheio de estrelas, tudo quieto, fechar os olhos em plena tarde, ir ao mercado pela manhã, aborrecer-me de ter tanto tempo. Ler, ler por coisa nenhuma, para coisa nenhuma.
~CC~
Esta é a altura má, calor e cansaço acumulado, sabemos que é mais um bocadinho e depois podemos relaxar. e, não é preciso amar tudo, só fazer, o melhor possível. acho.
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