Não fora a viagem de avião de 4 horas para cá e para lá e há muito que não tinha nenhum livro sobre o qual falar. Não ter tempo nenhum para ler é coisa que me faz ansiar pelos tempos da reforma, se é que ela esperará por mim ou eu por ela. Levei a "Vegetariana", do qual muito já tinha ouvido falar e se tornou reconhecido a nível mundial.
Leio muito rápido e o livro era absolutamente estranho. Proporcionou-me algo que me tem acontecido nos últimos tempos e não era vulgar em mim: não sei se gostei ou não. Tenho um amigo que me disse sempre que eu era das únicas pessoas que era capaz de usar a palavra detestar. E era verdade, ao longo da vida usei muitas vezes a expressão: detesto isso! Ele diz que a usava com tal força que ele até tremia (aí era um bocadinho exagerado). Lentamente esse poder de rejeição tem me vindo a abandonar, talvez seja a patine dos anos, a tendência para ver mais do que um lado em cada coisa. Só tenho pena que isso talvez me leve a amar menos também, detesto menos mas também amo menos. Falta-me a paixão.
Mas há uma coisa que sei sobre o livro: não se esquece e um livro que não se esquece é sempre poderoso pois há muitos livros que li e sobre os quais não me lembro de quase nada, a história desapareceu no pó dos anos. Mas jamais esquecerei a história dos Cem anos de Solidão, dos Capitães de Areia ou dos Sinais de Fogo. Trago agarrada a mim a história de um livro pequenino e pouco conhecido: " Quem me dera ser onda", é de facto um dos livros da minha vida. E isso ainda me faz viver, quero muitas vezes ser onda.
~CC~
O tempo somos nós que o fazemos.
ResponderEliminarE combate essa falta de paixão, combate. Sei bem o que isso é, o adormecimento.
A paixão é que nos separa das batatas. Mas podia apaixonar-me por uma batata apaixonada.
Gosto de menos coisas, mas gosto mais dessas menos coisas de que gosto e por isso invisto mais nesse reduto. O inverso também acontece: dar menos, quase nada ou nada, à parte de que não gosto.
ResponderEliminarEssa patine dos anos de que falas, no meu caso tem mais a ver com tolerância com os gostos dos outros, maneiras de estar, etc.
Abordou três livros que li e amei, e no entanto, dois deles já quase esqueci. Porém, lembro-me de todas as mulheres por quem passei ao longo da minha vida.
ResponderEliminarAo contrário da CC, eu leio devagar, mas isso não me impede de me esquecer rapidamente do que li. É um drama.
ResponderEliminarLuís, essa das batatas apaixonadas é engraçada, pensamos sempre nelas como uma coisa meio neutra e sem sabor:) Já fui muito apaixonada mas nem sempre isso foi bom, gosto desta tranquilidade de agora. Mas ainda me sobra...a onda!
ResponderEliminarIsabel, vamos mudando e eu acho que é por fora e por dentro (isto depois de ler o seu post) e não são os estereótipos sobre a idade, é outra coisa, é o caminho de cada um.
Joaquim, um amor vivido não se compara a um livro, também não esqueço os meus, até os que pensei que por serem curtos ou na adolescência ia esquecer. Mas um livro, se me toca muito, também não o esqueço. Ou se como este, é apenas estranho, um bocadinho chocante...
Luísa, é uma coisa que me faz confusão, esquecer a história de livros ou de filmes, pois eu tenho muito boa memória.
Abraços quatro e boas leituras
~CC~
e as batatas não são gente também? :)
ResponderEliminarsim paixão pelas batatas, pela hortaliça e por tudo que mexe. Quando a emoção morre, morremos.