PARTE II (continua...pronto, prometo que só até à III).
O agente trouxe duas chávenas de chá a fumegar e fez um gesto de negação perante a ideia dela pagar o chá. Depois tirou do bolso da gabardina a garrafinha de aguardente e deitou um trago dentro do chá, perguntando-lhe se ela também queria dar graça ao chá. A menina não pode deixar de exprimir a sua rejeição. Já tinha perdido a aula e agora estava a perder a paciência: - Avance, avance, o que me quer? Mas o agente não parecia ter pressa. Disse-lhe que achava que já a conhecia, que o rosto dela lhe era estranhamente familiar. Noutras circunstância a menina teria achado aquilo conversa de engate, mas nestas não fazia sentido.
- Vejamos, a menina não foi à manifestação dos precários na semana passada?
- Fui sim senhora e para a próxima haverá greve...não me diga que o senhor agente está ao serviço do governo e espia manifestantes!
- Olhe bem para mim, acha-me com cara de trabalhar para o governo? Faço uns biscates neste ginásio e pouco mais.
- No ginásio, que diabo, que há para investigar num ginásio?
- Você já viu os músculos desta gente, não me diga que acha que isto é dos batidos proteicos ou dos sumos Detox? Oh minha linda, mas em que mundo é que você vive?
- Eu quero lá saber, só vinha à aula de yoga para ver se me faz dormir melhor.
- Voltemos ao caso, a menina não tem o cartão do cidadão e quer entrar numa aula onde está a ministra da Saúde?
- Da Saúde? Eu dessa lingrinhas não quero saber, eu queria falar era com a do Trabalho!
- Agora que fala na Lingrinhas, tenho que lhe telefonar, beba o seu chá que eu já volto.
~CC~