quinta-feira, 8 de abril de 2021

Pouco que é muito

 

Dias que começam e acabam rapidamente sem que dê conta do tempo a passar. E isto apesar deles terem crescido tanto. Enrolam-se uns nos outros e quando me apercebo já é sexta e sei que no fim de semana as tarefas mudarão apenas um pouco de tipo e intensidade. Quando consigo uma manhã ou meia tarde para mim própria sinto-me grata e quase feliz. Nunca conseguirei explicar porque trabalho tanto. E muito menos responder à pergunta que a miúda fez aos oito anos: porque ganhas tão pouco? 

Apenas me satisfaz saber que o pouco chegou para construir a minha independência, ou seja construir tudo do zero, sem heranças, ajudas familiares, partilha de orçamento ou de qualquer bem a nível conjugal. Bem colocado o título daquele filme "este país não é para velhos", a maior parte não o é, nem para mulheres que querem viver sozinhas e não têm qualquer outro suporte financeiro que aquele que ganham por mês como assalariadas, muitas até podem ter essa aspiração mas não conseguem. Não duvidem que esse é o motivo para muitas não abandonarem casamentos há muito fracassados, casas dos pais nas quais já não se sentem bem, apartamentos co-partilhados por muito mais gente.

Afinal o meu pouco é muito. 

~CC~


6 comentários:

  1. Acredito piamente que o seu pouco seja muito. A maioria das mulheres, sobretudo as mais velhas ainda pouco escolarizadas, não conseguiria sustentar-se e ser totalmente independentes a sós. Ganham de menos para que possam sozinhas arcar com as despesas mensais que triplicam se há filhos (como saberá). Todas as conquistas pessoais são gratificantes. Enjoy.

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    1. Antes não conseguiam Bea e ainda hoje não conseguem, basta pensar quanto é um salário minímo, mas não só...uma enfermeira que estudou 4 anos ganhará cerca de 900 euros por mês e durante a sua carreira pouco irá evoluir nesse ganho salarial. Resultado: conheço uma jovem enfermeira que tem 3 empregos e passa por vezes 48h sem dormir.
      ~CC~

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  2. Creio estar bastante longe de si e olhe que ouvi bem o seu grito.
    E nele pressinto um testemunho franco, tão franco que chega a ser desarmante.
    E desarmante também por ter a ver com causa que nunca abracei - o feminismo - mas tão franco que me tocou; menos pelas queixas laborais do que pela ânsia de querer ser livre contra a intrínseca escravidão da existência feminina.
    Há blogs que se impõem pelo deleite da imagem e outros pela força das palavras.

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    1. Desculpe intrometer-me, Joaquim, mas as palavras criam imagens. Às vezes fortes. Como é o caso. A sua força é essa mesma, a forma como pintam a realidade, seja ela objectiva (se isso existe) ou subjectiva (que nos existe por vezes em demasia).
      Tenha um dia Bom, sff.

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    2. Um grito Joaquim, acho que foi mesmo isso!
      Bea, sobre isso não sei nada, cada qual tem a sua escrita e ao leitor cabe senti-la. Eu, por exemplo, quando não sinto, não consigo comentar o blogue, mesmo que seja muito simpática a pessoa que está por trás dele.
      ~CC~

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  3. É, de facto uma forma de abordagem ao mundo dos blogues, um princípio. Há muitos mais.
    Bom fim de semana.

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