Um dos filmes mais impressionantes que vi foi laranja mecânica. Fiquei assombrada pela maldade gratuita, quando nem se veste de ideologia para poder existir.
Hoje vi cinco miúdos a divertirem-se maltratando um gato vadio, nem sequer eram muito novos, tinham a perfeita consciência do que faziam, mas não saberiam explicá-lo, diriam um porque sim se os olhássemos nos olhos. O gato lá se conseguiu esconder debaixo de um carro, mesmo assim tentavam atirar-lhe pedras para o fazer sair do esconderijo. Não me venham dizer que essa maldade é uma coisa natural, não é verdade que passe por todos como uma sombra. Estas coisas tiram-me sempre a esperança, são amargas.
Pelo contrário, os velhotes que vi hoje no café deram-me vontade de envelhecer assim. Bebiam o café da manhã em conjunto, riam, contavam histórias, brincavam. Velhos com algum dinheiro que não precisam de um centro de dia para encontrar a sua tertúlia. Elas arranjadas, bonitas, eles arranjados, bonitos. Apenas me interroguei sobre a hora matinal, 9h30m da manhã e já ali. Hoje, cansada de acordar dias e dias às sete da manhã, dava tudo para as 9h estar ainda a dormitar (sim, porque a essa hora já não consigo dormir). Mas envelhecer é também isso, acordar cada vez mais cedo. Estes velhotes dão-me esperança de um dia acordar com todo o dia para mim, é uma antevisão doce, eu sei.
~CC~
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