quarta-feira, 26 de março de 2014

Laranja doce, laranja amarga



Um dos filmes mais impressionantes que vi foi laranja mecânica. Fiquei assombrada pela maldade gratuita, quando nem se veste de ideologia para poder existir.

Hoje vi cinco miúdos a divertirem-se maltratando um gato vadio, nem sequer eram muito novos, tinham a perfeita consciência do que faziam, mas não saberiam explicá-lo, diriam um porque sim se os olhássemos nos olhos. O gato lá se conseguiu esconder debaixo de um carro, mesmo assim tentavam atirar-lhe pedras para o fazer sair do esconderijo. Não me venham dizer que essa maldade é uma coisa natural, não é verdade que passe por todos como uma sombra. Estas coisas tiram-me sempre a esperança, são amargas.

Pelo contrário, os velhotes que vi hoje no café deram-me vontade de envelhecer assim. Bebiam o café da manhã em conjunto, riam, contavam histórias, brincavam. Velhos com algum dinheiro que não precisam de um centro de dia para encontrar a sua tertúlia. Elas arranjadas, bonitas, eles arranjados, bonitos. Apenas me interroguei sobre a hora matinal, 9h30m da manhã e já ali. Hoje, cansada de acordar dias e dias às sete da manhã, dava tudo para as 9h estar ainda a dormitar (sim, porque a essa hora já não consigo dormir). Mas envelhecer é também isso, acordar cada vez mais cedo. Estes velhotes dão-me esperança de um dia acordar com todo o dia para mim, é uma antevisão doce, eu sei.

~CC~

Sem comentários:

Enviar um comentário

Passagens