Certos lugares tornam-se especiais como certas pessoas, nem damos conta de que está a acontecer. São amores que se constroem lentos, mercê de sucessivos acasos. Quando nos apercebemos já sabemos como é aquela cor de céu, aquele cheiro, o frio já não dói tanto e a paisagem de pedras foi-se tornando bonita., passámos a ter mais pessoas de quem gostar. Quando era muito jovem gostava de dizer que o coração não acabava, todos cabiam naquele infinito, hoje não me parece tão verdade porque certos lugares, certas pessoas, são de fácil adopção, mas outros parecem-me estranhos e difíceis.
Aquele lugar ficará ainda como o primeiro em que aprendi a distinguir um espargueiro de uma erva daninha e a apanhar os espargos selvagens que me deliciam tanto num risotto como uma sopa ou simplesmente fritos com alhinhos. Intenso o prazer de uma manhã fria a colher folhas de louro, tomilho, espargos, poejo. Só me faltaste tu para misturar com aqueles cheiros o sabor de um beijo. Ficas tão longe de mim, se te sinto feliz quase não me importo, mas de outras vezes sinto que estarias mais feliz aqui, a apanhar comigo espargos.
Quanto melhor é o fim de semana, mais difícil é aterrar na Segunda Feira.
~CC~
Sem comentários:
Enviar um comentário
Passagens