quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Terra fria


Podia ser eu, podias ser tu.

Só em certa parte podia ser eu, se calhar não podias ser tu.

Às vezes tive muita vontade de chorar como ele o faz numa cena do filme, ri-me muitas outras vezes. É um filme doce, comovente, hilariante, a viajar entre o documentário e a ficção.

Aquele Portugal que achamos que não existe mais está ali inteiro, vibrante, ao mesmo tempo triste e intensamente alegre. E frio, sente-se o vento a soprar entre as pedras. O mais bonito, porém, é que o realizador, também protagonista do filme, nos mostra esses montes áridos onde o vento gela a pele sem ter qualquer intenção declaradamente política. Que bonitas são aquelas pessoas a falar, a esconder, a encolher os ombros, a não julgar, a interrogar deus e o diabo na terra. Daquelas mãos saíram, por certo, os nacos de broa que salvaram as crianças de morrer à fome. 

É isto Bosto Frio, ou para mim foi isto.

Fiquei com muita vontade de procurar o meu avô, enterrado algures num cemitério em Luanda. Sei tão pouco sobre ele.

E no fim, generosamente, o jovem realizador veio falar connosco.

~CC~


5 comentários:

  1. Fui procurar no google. Juntei a descrição da CC ao trailer e fiquei com uma ideia parecida à da Laura. :)

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  2. Do pouco que vi, pareceu-me a vida de aldeia como ela é, com as gentes que ali existem. Tudo indica que seja um bom documentário. Obrigada, CC.
    Bom dia:)

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  3. a forma como o descreveu, convenceu-me! irei vê-lo, cheia de curiosidade. obrigada pela partilha, CC. :)

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  4. Laura, Luísa, Bea e Paula, eu tenho gostos um bocadinho peculiares em cinema, espero que não se desiludam...é que eu adorei o "Roma" enquanto muita crítica o detestou
    ~CC~.

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