Gosto muito das perguntas que a Ana faz a si própria.
O que aprendeste nas férias? É essa a pergunta subjacente ao seu texto. É bom pensar com os nossos botões.
Mas a minha resposta poderia ser quase oposta à dela pois a minha vida não se faz com três rapazes em casa, por isso ela aprendeu a estar só e eu aprendi novamente a estar rodeada de gente.
E mesmo antes das férias, no primeiro período de desconfinamento, quando começamos lentamente a sair. E não foi fácil. Ao contrário de muitos, custou-me o bulício da cidade, os restaurantes e as praias cheios, as vozes, as gargalhadas, os guinchos e os gritos.
A primeira vez que reuni uma manhã inteira com dois colegas de trabalho dos quais gosto muito e há muito ultrapassaram a barreira de serem apenas uma relação de trabalho fiquei emocionalmente exausta. Precisava urgentemente de silêncio, de não ouvir vozes, de não ter que prestar atenção a alguém, no final já praticamente não conseguia responder. Foi um bálsamo chegar a casa e estar sozinha.
Estar com crianças, vê-las brincar, interagir, suportar os gritos, as gargalhadas, o ruído, tudo isso tive que reaprender. Só aí tive a plena consciência da bolha em que vivi entre Fevereiro e Junho, do efeito do teletrabalho, da modificação das relações sociais e profissionais.
Eu, nas férias, aprendi o que era estar de manhã à noite, dias e dias, sem estar sozinha. E tudo o que a relação com outros implica: cedências, atenção, negociação, entrega, descentração. Tinha, em parte, desaprendido.
~CC~
Não é fácil gerir os momentos com os outros, sobretudo nos tempos que vivemos. Há sempre o medo a intrometer-se na vontade de estar com os outros.
ResponderEliminarDevo ter aprendido várias coisas neste verão, que foi para mim muito caseiro, entre arrumações, pinturas, tarefas domésticas rotineiras e curtos passeios pela região.
Esforcei-me por aprender a ser paciente... talvez tenha concluído o primeiro módulo.
Tudo de bom, CC. Um abraço. :)
A ser paciente...acho que é uma aprendizagem que tenho vindo a fazer, devagarinho, às vezes por não ter outro remédio...
EliminarBom recomeço Deep, não vai ser fácil.
~CC~
Quais férias?
ResponderEliminarLuís, é aquele direito dos trabalhadores, já ouviu pelo menos falar? :)
Eliminar~CC~
dos relacionamentos chegam as verdadeiras aprendizagens, sobretudo da família.
ResponderEliminarbom recomeço, CC
É outro desafio Ana...obrigada!
Eliminar~CC~
É tão interessante ler o que escreve CC. Parece-me outro mundo. O quotidiano do covid pouca alteração me trouxe. Faltaram-me as poucas saídas, a natação e o comércio aberto. Não foi fácil, mas ganhei hábito. O desconfinamento soube-me tão bem. Mas não tenho mais apetite ao silêncio do que antes da pandemia e o barulho parece-me hoje apenas normal, coisa de que já tinha saudade, mas por vezes não desejo.
ResponderEliminarAs férias dos outros, por mais apetecidas que sejam, também me cansam. Talvez tenha aprendido a não me prender demais a eles, mas é verdade que há muito tenho o desejo de encontrar a medida certa, a tal que ainda não descobri se existe.
Pergunto-me se todos os que estiveram em tele trabalho sentem essa estranheza.
Bea, não sei bem o que os outros sentem, as pessoas falam pouco disso, só uma das pessoas da família confessou abertamente que o teletrabalho tinha sido a melhor coisa que lhe aconteceu, sobretudo pelo cansaço do transporte público diário, há pessoas assim caseiras:)
ResponderEliminar~CC~