Diria que a maior parte são emigrantes que aqui não encontraram trabalho ou que o encontraram sazonal e/ou mal pago. Mas há também idosos, sem abrigo, mulheres com filhos pequenos e que os trazem com elas. Poucos jovens, mas ainda assim alguns, podem ser mesmo universitários que uma vez deslocados vivem com recursos muito limitados.
Não percebo a organização da fila que me parece caótica nem sei como irão distribuir a comida. Mas vejo chegar o pão embalado, as saladas em sacos, a carne devidamente acondicionada...não se trata de dar restos mas sim comida em condições, muito embora provavelmente próxima do final do prazo de validade. Há várias organizações a fazer isto e até uma aplicação via TM que permite ir buscar a determinados restaurantes. Modelos alternativos à caridade, com outra dignidade. Era capaz de dar um bocado do meu tempo a uma organização destas, muito embora tenha tão pouco. Mas ao mesmo tempo tenho sempre receio de ver estas coisas por dentro, de me desiludir.
Eu também já acompanhei a minha mãe numa fila deste tipo, naquele tempo em que o nosso nome era "retornados" e íamos buscar o leite e as barras de queijo a uma organização holandesa. Ainda hoje recordo o sabor desse queijo, não era mau e alimentou-me muitas vezes. E é verdade que era triste mas mais triste era passar fome. Ninguém neste país devia passar fome pois está à vista o muito que se desperdiça. Mas temos que encontrar os modos certos para isso não acontecer e isso é, sem dúvida, mais difícil.
~CC~
Como faço o meu tempo até podia ocupar-me numa dessas organizações, mas em terras pequenas há menos miséria, menos desperdício e nunca dei por haver algo do género. Parece-me mais coisa de grandes aglomerados. Por cá existe um gabinete camarário que dá apoio a situações de carência devidamente identificadas, consta várias funcionários e uma técnica superior. E depois há a miséria escondida, que não enfileira nem procura o dito gabinete e quase ninguém conhece. Também não sei como se pode corrigir a assimetria entre desperdício e necessidade, mas sei que a quem precisa tudo dá jeito.
ResponderEliminarAté a "envergonhada" me parecia lá estar...mas sim, no meio rural, deve haver mais vergonha ainda.
Eliminar~CC~
Uma triste realidade, da qual nem sempre quem vive sem sobressaltos de maior tem bem noção.
ResponderEliminarNuma cidade que conhece bem Luísa.
Eliminar~CC~
Costumo dizer, CC, que todos deviam ganhar o suficiente por ter uma vida digna. Infelizmente, mesmo quem tem emprego e se mata a trabalhar nem sempre consegue viver dignamente.
ResponderEliminarVotos de um dia feliz! Abraço :)
deep