Na verdade é um homem muito grande e quase um desconhecido. Sei que nada quer comigo, se quisesse não se confessava assim como confessa. Às vezes acho que sabe que eu tirei uma licenciatura em Psicologia e embora não exerça clínica, sabe que tenho colada à pele essa lupa da análise, mas na verdade não me lembro de lhe ter dito nada sobre a minha formação. Outras vezes penso que diz as mesmas coisas a toda a gente e eu sou só mais uma a ouvi-lo. Outras que me escolheu por me saber tão só quanto ele, intuiu mesmo sem eu ter dito nada. São conversas de amigo e não de colegas de trabalho que é meramente o que somos. Sou avessa depois de algumas más experiências em transportar para a vida as companhias de trabalho, prefiro deixá-las naquele contexto. Admito que pode ser uma parvoíce e conheço casos que desmentem esta minha desconfiança.
Na verdade ele fala quase o tempo todo e não fora falarmos num sítio público à hora de almoço e eu diria que se tratava de relação terapêutica. Mas atenção, como quase todas estas relações, não há um a tratar o outro. Ouvi-lo faz-me um bem enorme. Ele tem quase dois metros de altura, se não os tiver mesmo, mas tem a fragilidade de um menino. E diz coisas como esta: só quero apaixonar-me, ainda vou encontrar uma grande paixão, vivê-la total e inteiramente, ainda me vai acontecer. Mais: Sempre fui muito arrumado, contido, agora só quero desarrumar-me. Acreditem que isto não é o que pode parecer, ele não mo diz por poder ser eu o alvo dessa paixão, di-lo porque quer que uma mulher o escute, que uma mulher saiba que ele é capaz.
Se ele soubesse como me faz bem ouvir um homem dizer isto, é como se restaurasse a minha confiança outra vez nos homens em geral e na sua capacidade efectiva de entrega.
~CC~
... uma mulher que o saiba ouvir, que o saiba escutar, perscrutar, ...
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Beijos.