segunda-feira, 25 de abril de 2016

E tudo enche de papoilas....



Têm sido dias intensos, de múltiplas festividades, algumas mesmo muito trabalhosas pois implicaram preparação prévia de longa duração com alunos e picos enormes de tensão. No dia da festa tudo parece esbater-se e eles, embora com diferentes níveis de envolvimento, parecem felizes, alguns mesmo muito felizes. Creio que metade do que temos explicado em múltiplas aulas, se resume numa tarde, talvez mesmo o curso inteiro. E percebo que alguns deles entendem muito bem o que se passa aqui, o que é o envolvimento com as pessoas, com a comunidade e outros não, não vão além de entenderem tudo isto como mero entretenimento. No final deste ano e principalmente deste projecto, sei os que deixaria ficar e aqueles a quem diria para escolherem outra coisa para fazer. Não será coisa que possa fazer, mas sei que não poderei deixar de lhes dizer algo. Estas conversas custam-me muito e levam alguns às lágrimas, alguns passarão a detestar-me, outros irão agradecer. A verdade é que metade deles chegam aqui perfeitamente perdidos, poderiam estar neste curso ou em qualquer outro, talvez isso nem seja grave, mas será se chegarem ao fim com a mesma sensação.

Os meus dias intensos têm felizmente incluindo vistas sobre o estuário e o rio e ainda ontem o cruzei e quase molhei lá os pés, por mais que vos pareça estranho passeio em trabalho, ainda que esteja longe de ser a sortuda que faz os guias de lazer para as mais diversas revistas (uma profissão de sonho, sem dúvida).

Falhei os concertos e as festividades de Abril por cansaço puro, mas tenho cá dentro um amor inteiro por este mês que grita e grita liberdade e tudo enche de papoilas.

~CC~










sexta-feira, 22 de abril de 2016

Terra



Como não poderia?

Terra entre todos os elementos. Signo terra, nenhum interesse especial pelo universo, grande demais para lhe chamar casa, atracção e receio pela água, do fogo apenas o calor que emana, alguma beleza.

Eu sou tão terra que me torno na própria Primavera, ando cansada mas cheia de energia, começo a trabalhar às 7h da manhã, acordo com o primeiro sol. Não, nenhuma tristeza me apanhará até à chegada do Outono.

Andam pássaros à minha volta.

~CC~




domingo, 17 de abril de 2016

Quem será que apaga os medos?




Lá dentro, disfarçada, a frase mais bonita: quem será que apaga os medos?

Pudesse com um beijo apagar agora os teus.

~CC~





sexta-feira, 15 de abril de 2016

Coisas pequenas e tontas.


Hoje fui a Braga e voltei. Muitas horas de comboio num só dia.

Poderia falar-vos da sessão de formação.

Mas venho sobretudo chocada com a atitude do hotel no qual a formação decorreu. Faz pacote para executivos a 34 euros e pacote romântico a 43 euros. Que os executivos vençam os românticos é uma coisa que me custa.

Sabe como é, o cansaço leva-nos para as coisas pequenas e tontas. 

~CC~

terça-feira, 12 de abril de 2016

Enlouquece-nos um bocadinho...



Sonhei esta noite o impossível: estava grávida. Por vezes no sonho eu parecia ser mais nova, outras vezes mesmo da minha idade, surpreendida por ser mãe, preocupada, um bocadinho ansiosa, mas convencida da inevitabilidade do facto, quase feliz. Não é coisa que deseje, há cerca de dez anos deixei de o desejar, isto é, de colocar sequer a hipótese de poder acontecer. Por isso só há uma explicação e é meteorológica: a Primavera enlouquece-nos um bocadinho.

~CC~

domingo, 10 de abril de 2016

Mais dúvidas



Tento vender criatividade. Vender é um termo estranho para associar a criatividade. Mas é às vezes como me sinto. Talvez seja porque ando pelo país como os vendedores, porque as salas estão cheias, porque alguém convenceu aquelas pessoas de que era importante estar ali. Na maior parte dos casos estão semi-obrigados. Se há alguma coisa a imitar, são apenas os princípios. Como se pode criar justiça, solidariedade, cooperação, como se pode trabalhar em prol do desenvolvimento humano de cada um? A educação emociona-me ainda hoje, às vezes fico com lágrimas nos olhos a falar de crianças, a contar histórias. Ainda hoje me emociono com o Diário de Sebastião da Gama, por exemplo.

Nesses lugares, que não me apetece designar porque não é isso que é importante, há também quem venda produtos já feitos, prontos a usar. Creio que têm mais êxito que eu, a lógica do mundo está toda feita para a aquisição de soluções. Sinto-me muitas vezes confusa porque a entidade que nos contrata é a mesma, quer dizer que a distinção entre quem promove soluções e quem promove inovação não é simples, não é linear.

Tento avaliar quem está comigo, quem me compreendeu. Menos de 50%? È muito difícil. Às vezes alguém vem falar comigo no fim, quase sempre alguém vem. É isso que faz a diferença e conforta, desta vez um senhor e uma senhora disseram-me coisas tão interessantes que me apeteceu trocar de lugar com eles, dar-lhes a voz. Escrevam-me, digo-lhes, porque essa atenção é destinada a aos que procuram estabelecer relação, não a um grupo indistinto, cujos nomes sei que não vou reconhecer (por isso não costumo deixar o meu mail nos congressos, etc).

Tento também pensar se eu própria aprendi alguma coisa. Também não me é sempre fácil saber. 

Enfim, à medida que amadureço tenho mais dúvidas. Contudo, elas não me imobilizam, vou incorporando.

~CC~





domingo, 3 de abril de 2016

Saber(es) populares


Quase à beira dos 80, ela ainda semeia, planta, colhe, procura ter bocados do quintal a produzir, na ausência do marido que foi morrendo assim que as mãos tiverem que parar de se enterrar na terra.

- Está ali um ninho no quintal, numa árvore.
- Como são os ovos?
- São pequeninos, uns três ou quatro.


- E de que cor
- Azulados.
- São de melro.

~CC~