quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Poética (I)

 

Dos dezasseis aos vinte e dois queria muito ser poeta, escrever poesia. Escrevi muitos e muitos caderninhos de poesia sofrível. A partir dos 22 absorvi poesia como água, admirei os poetas, frequentei sessões de poesia. Nos últimos anos tenho lido também, em tertúlia, muita poesia com os meus estudantes e tem sido bom, muito bom.

Mas hoje eu sei que só quero é uma vida poética. E o que será isso?! 

Não sei responder cabalmente embora tenha algumas ideias sobre isso.

Hoje passou por mim um carro na auto-estrada e ia coberto de pó. No vidro de trás a inscrição feita com os dedos a rasgar o pó: A roer laranjas desde 1987!

Achei poético, quem lá ia dentro sabe o que é uma vida poética.

~CC~


2 comentários:

  1. Não sei aferir o grau poético da frase, mas achei-a o máximo. Mesmo sem lhe entender bem o sentido. Rói-se uma maçã, não uma laranja. E em que mais consiste essa vida poética, CC?
    Julgo eu que viver poeticamente seja impossível, seríamos dados como loucos. Mas é possível coabitar com alguma poesia e vivermos poeticamente em certos momentos, ou dias. Que nunca serão todo o nosso tempo.

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    1. A Bea já começou a responder e isso é o que importa, que encontre a poesia na sua vida, não só dentro dos livros. Há dois dias lua cheia e linda, há quem nem tenha visto nem perdido 5 minutos a admirá-la, sozinhos ou em partilha.

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