sábado, 19 de janeiro de 2013

Odisseia doméstica



Um dia ela simplesmente deixou de responder ao botão de ligar, ficou muda e quieta como quem quer morrer.
 
Inábil para indagar quais os seus motivos, tentei uma e outra vez. Seguiram mensagens de socorro para as amigas da terra que demoraram por a responder. Segui via NET em busca de um técnico. A página parecia profissional e a empresa dizia-se líder, arranjavam todas as marcas de máquinas de roupa de Lisboa e margem Sul (e aqui acabava para eles a margem Sul). O primeiro veio assim logo na manhã seguinte ao telefonema, não trazia uma única ferramenta e olhou para a máquina mais ou menos como eu olho para ela. Foi expedito no diagnóstico: isto é um problema de canos. Disse que duvidava....mas não evitei pagar-lhe 60 euros por deslocação, já que nada fez mais. Num dia bom não lhe tinha pago mas apanhou-me num dia de chuva intensa e tristeza incorporada.
 
Veio o segundo, este por via de uma amiga. Falou por mais de duas horas na minha cozinha, contou-me a vida inteirinha e de meia em meia hora fingia que arranjava a máquina. Não cobrou nada mas devia ter-me pago pelas duas horas de consulta. Era um louco bem disfarçado.
 
O terceiro veio enfim pela marca da máquina, trouxe caixa de ferramentas e crachá e foi dizendo que ao contrário do que eu pensava o fecho estava bom. Conseguiu colocá-la a trabalhar mas ligou-a tantas e tantas vezes que ela se baralhou e deixou de trabalhar mais uma vez. Ele concluiu que afinal era do fecho e foi trocá-lo. Pediu a módica quantia de 100 euros. Pelo caminho destruiu um rodapé que fez questão de dizer que já estava podre e não fazia ali falta nenhuma. Esta odisseia durou três semanas.
 
Eu antes queria cantar a canção do Chico e da Bethania (gosto mais desta versão) pois destes não há memória boa possível.

~CC~

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