terça-feira, 10 de setembro de 2013

Animais feridos


Queixava-se na farmácia:

- Ainda hoje uma colega minha foi tão insultada...disseram-lhe que ganhava um ordenado chorudo para estar sentada e que nós, funcionários públicos, não fazíamos nada. Diga-me lá se 650 euros líquidos são uma fortuna....e o nosso trabalho é atender em pessoas e mexer em papéis, isso cansa tanto como outra coisa qualquer...

Tratava-se de uma senhora em idade de pré-reforma, via-se que cansada e desgastada. 

É isto que se tem conseguido de forma muito clara: colocar uns contra os outros. O governo é quem fica a rir.

Ontem uma colega minha dizia com muita clareza: todos os dias nos enchem de medo, vivemos sob ameaça. Acrescento do que tenho visto e vivido nos últimos dias a propósito do ensino superior - as frases já não começam como uma óptica de desenvolvimento: é importante fazermos isto porque vai melhorar aquilo. As frases começam pelo medo: se não fizermos isto vai acontecer aquilo. E o aquilo é sempre o mesmo: fecho, desemprego, fim.

O que isto deixará em nós nas instituições que não fecharem efectivamente é algo que demorará muito a desaparecer. Vivemos como animais feridos.

~CC~

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